Existe uma menina
a quem dedico todo meu amor
ela é em mim
o que sou a sós.
Existe uma menina
que roubou toda minha atenção
não há nada nesse mundo que vejo
que não encontro ela.
Existe uma menina
com o bom dia mais doce que existe
o abraço mais apertado
o cheiro mais carinhoso
os olhos mais gigantes
o jeito mais bonito de levar a vida
a dois.
Quero que o inteiro dela
se interiorize em mim,
quero minhas manhãs
com as manhas preguiçosas de não querer levantar,
quero sentir a turbulenta calmaria de deitar em seu peito,
sentir suas palpitações, o aroma de sua respiração,
o timbre da sua voz, o deslizar do seu toque,
olhar profundissimamente seus olhos,
e na amplidão negra de suas meninas,
me ver refletida num futuro que quero estar.
Aperto meu corpo em seu abraço,
porque é onde quero morar.
Amaríssimo
Quando se é diabético em viver, a vida é um pouco amarga.
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Ela
Meu coração pequenino mora no lar que não sou eu,
A cidade que moro tem cheiro de flor,
cores barrocas,
e clima de morte.
É velha e putrefata,
tudo isso a faz linda - não bela.
Meu coração pequenino
quer abrigo no mundo,
e se abriga no peito da menina mais bonita que já amei.
Ela não é dessa cidade, não.
Não respira o mesmo ar que eu,
não morre de amores pelas coisas que me encantam.
Isso me encanta.
O que eu sou,
não é nela.
O que não sou,
me encontro nela.
A cidade que moro tem cheiro de flor,
cores barrocas,
e clima de morte.
É velha e putrefata,
tudo isso a faz linda - não bela.
Meu coração pequenino
quer abrigo no mundo,
e se abriga no peito da menina mais bonita que já amei.
Ela não é dessa cidade, não.
Não respira o mesmo ar que eu,
não morre de amores pelas coisas que me encantam.
Isso me encanta.
O que eu sou,
não é nela.
O que não sou,
me encontro nela.
quarta-feira, 3 de abril de 2013
Deus, você.
Deus não é justo,
o céu chora o voo do pássaro de abril,
meus pais choram a chegada do outono febril,
a neblina cobre os morros como véu de noiva virgem,
encobre a passagem dos ventos,
o presságio da mudança dos tempos.
Deus não é fiel,
não cumpre os sonhos sonhados de olhos abertos,
te dá pontapés
te gira a 180º
te desmonta, e diz "te vira, e te descobre sozinho, só assim me descobrirás"
Eu digo à Deus
Não, sou fraco,
sou pobre, sou frágil, sou descalço, sou manco.
Tu és completo como és, inteiro nos defeitos como deve ser.
Deus, por que?
Meu coração é pequeno, de menino de rua em roda gigante,
sou carente,
sou cheio de amor,
sou cheio de água nos olhos para derramar a outras belezas
sou cheio de coceiras nos dedos para tocar tudo aquilo que coça a vista, o paladar, o olfato.
Sou infante.
Porque és cheio de amor, tens muito a dar
e criança de rua merece o carinho que lhe é negado
Porque sou Deus,
e por que não?
o céu chora o voo do pássaro de abril,
meus pais choram a chegada do outono febril,
a neblina cobre os morros como véu de noiva virgem,
encobre a passagem dos ventos,
o presságio da mudança dos tempos.
Deus não é fiel,
não cumpre os sonhos sonhados de olhos abertos,
te dá pontapés
te gira a 180º
te desmonta, e diz "te vira, e te descobre sozinho, só assim me descobrirás"
Eu digo à Deus
Não, sou fraco,
sou pobre, sou frágil, sou descalço, sou manco.
Tu és completo como és, inteiro nos defeitos como deve ser.
Deus, por que?
Meu coração é pequeno, de menino de rua em roda gigante,
sou carente,
sou cheio de amor,
sou cheio de água nos olhos para derramar a outras belezas
sou cheio de coceiras nos dedos para tocar tudo aquilo que coça a vista, o paladar, o olfato.
Sou infante.
Porque és cheio de amor, tens muito a dar
e criança de rua merece o carinho que lhe é negado
Porque sou Deus,
e por que não?
Quereria
Queria ter motivos para me orgulhar de mim mesma
mas não tenho
sou podre
dos pés a cabea
sou metade capacidade
de tudo aquilo que poderia exercer
E a felicidade,
nao encontra espaço no entulho
de SEs
e QUANDOs
acumulados.
Queria ter motivos para sorrir a toa e dizer:
Que bom que eu segui as batidas do meu coração
Que bom que estou, quem sempre quis ser.
terça-feira, 19 de março de 2013
Seu Zé da Portaria
Sete de Fevereiro
Eu vejo em cartazes, pixações, adesivos espalhados pelos muros dizeres MAIS AMOR, POR FAVOR, ou O AMOR É IMPORTANTE, PORRA, ou então GENTILEZA GERA GENTILEZA, o que me lava a pensar : A que ponto chegamos, que se faz necessário pedidos gritantes em muros por afeto, atenção, consideração, carinho e respeito ao próximo?
Serão as pessoas assim tão encabrestadas e envoltas de si mesmas que se tornam incapazes de oferecer atenção ao próximo? Eu não sei nem se "oferecer" é a melhor palavra a ser usada... Serão todos assim, tão pequeninamente únicos indivíduos que só percebem a própria carência e não notam que o ato de amor é uma via de mão dupla ?
A dor do outro é invisível a nossos olhos, a não ser quando nos tornamos sensíveis o bastante para nos reconhecermos no próximo, enxergar nos olhos, na menina dos olhos, nosso reflexo. Temos olhos, espelho da alma, temos boca, capaz de transmitir amor e desprezo, ouvidos, receptores do que as bocas escolhem transmitir. Temos mãos, nariz, pêlos, cabelos, toque, tato, calor, cheiro. Sensibilidade. Esses sentidos não podem ser ignorados, e são tantas vezes usados como escudos ao invés de aproximar, afasta. Fazemos deles ferramentas de nossas bolhas existênciais, na qual só há espaço para um, o ego.
Tapamos os ouvidos com fones e escolhemos o que queremos ouvir, rádio? Não, apenas a música que eu escolhi. Tapamos os olhos com aplicativos de última geração, aqueles que nos dão contato com as "redes sociais", ou algum livro que nos conforta, o que vende mais na Saraiva, aquele que vão fazer um filme com a Jennifer Lawrence, ou é com a Emma Watson ? Não, eu li no twitter dela, que ela nunca faria esse filme...
Nos orgulhamos tanto da racionalidade inerente e autoproclamada próprima do Homem, e nos esquecemos que antes de tudo, antes da razão, vem o choro. Sim, o choro. Não, eu não quis dizer a emoção, eu disse choro. O primeiro gesto humano, universalmente humano, que nos afasta qualquer diferença de cor da pele, dos olhos, etnia, cultura, país, condição social, é o choro. A expressão máxima da sensibilidade. Ao nascer, choramos. O bebê chora, os pais choram, ou só a mãe.
Não deve, portanto, ser um fato vergonhoso pedir por amor, por favor (ainda mais assim, tão educadamente), ou então chorar em público, parar em uma praça e observar as pessoas, a rua, as árvores, conversar com o idoso, com a criança, oferecer ajuda a senhora carregando compras no ônibus, sorrir ao seu Zé porteiro, pedir licença ao faxineiro. Ao nascer, choramos. Não é vergonha, é nobre, é humano. É necessário humanizar o ser humano.
terça-feira, 12 de março de 2013
Aleijado
Teu santo é forte, é São Francisco?
Meu santo é forte não sinhô,
meu santo é fraco, é aleijado
Mas teu santo é homem, é de importância?
Meu santo é não, sinhô,
meu santo é negro, é ex-escravo
Quem te protege, quem é teu salvador?
Não tenho anju protetô...
Com quem tu falas,
por que cola as mãos e olha o alto?
Porque quero força e vontade
pra montar essa bela imagem
que os homem diz ser igreja
pra mim é monumento de beleza
feita com poucas ferramenta
dum homem pobre, negro e sofredô,
Sô fraco, meu sinhô,
busco paz, calma e discanso,
ao nome, quero só a lembrança,
na terra que nada que me deu,
na terra que nada que me deu,
e ao espírito, merecimento no colo de Deus.
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