sexta-feira, 28 de maio de 2010

Abril

Veio como uma tempestade de verão
Inundou minha casa
E afundou meu coração.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tardes de filme e pipoca.

E bate aquela vontade de voltar,
Lembrar que ainda existe a saudade.
Antes a ausência bem vivida que a presença desconhecida
E antes sorrir lembrando
Que chorar se arrependendo.

Antes o clichê esperado que um final trágico
Um beijo bem dado
Um abraço apertado
E as mãos se tocando, por baixo do cobertor

Na sala de estar, onde continuam as mesmas coisas
E diante de tantas cenas na tela
É fácil lembrar das cenas vividas

Algo ocorrido que deixa saudade.
Deixa lembrança de fotografia
Uma boa iluminação e lentes míopes, eu tenho meu próprio filme
Embaçado e encharcado, porém meu.

Me passa o refrigerante agora, que a pipoca me deu sede.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ano de eleição

É andar por essa cidade e ver o futuro que eu não quero ter. É ver a vida comum se realizando, a chuva caindo, no restaurante alguém de talento atendendo e alguém medíocre sendo atendido.
A vida é injusta.

A chuva caía cada vez mais, e os carros se acumulavam. É puro carbono aquela cidade, é lixo, é fumaça, é cigarro, é gente morrendo. Tem algo errado e é difícil de ignorar. As pessoas passam por cima das verdades inconvenientes e vanglorizam aqueles que menos merecem.

Nossos heróis são aidéticos, pervertidos, viciados, mentirosos e ladrões. Meus amigos são bichas, pobres, drogados, nômades. E eu não vejo maldade neles, eles são vítimas e eu não posso culpá-los por seus pecados carnais. Os humanos erram e devem assumir seus erros. Eu admiro quem fala a verdade sobre si.

Admiração somente. Porque até eu não sou totalmente verdadeira sobre mim.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Errado

Duas semanas vagas, e meu coração ocupado
Meu pensamento longe, mas a cabeça no lugar
Antes sorria sem motivo, agora o choro é motivado
Duas semanas nada, e meu coração preocupado.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ingenuidade

Me chamem de idiota, de louca, de perdida e desinformada.
Me chamem de drogada, de bêbada, de doente, desiludida.
Chamem do que quiser, chamem a polícia e até a ambulância!
Chamem o papa, pastor, pai de santo, pra me exorcizar
Chamem o professor, o jornalista, o cientista, o estatístico para me ensinar

Chamem pai, mãe, e irmã
Chamem o rico e o pobre, o milionário e o miserável
Chamem o que sofre quase morrendo de fome, e o que passa voluntariamente fome
Chamem o realista, e o sonhador
Aquele que dá as notícias, e o trovador

Chamem todos os conscientes,
Os com alma e coração cheios de dúvidas.

Chamem todos...
Pois o mundo ainda pode ser feliz.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Mentiras

"Cuidado jovem, ao se aproximar dela.
Ela te devora vivo, e tu sequer sentes a dor, e quando te encontrar consciente, é tarde demais para fugir. Seus olhos castanhos como tempestades, parecem aveludados a primeira impressão, são o anúncio do mal que está por vir, são castanhos como tempestade...Ela diz coisas que te confunde, ela olha nos teus olhos e exige isso de volta, ela fala baixo e insinua coisas, te provoca, e te afoga, como mar de ressaca. E quanto mais perto, mais oblíqua é. Sente-se capaz de decifrá-la, pobre jovem, engana-se! Ela te abre, e degusta tua alma como vinho. Ao amanhecer, o que resta de ti, é a garrafa vazia de vidro, imprestável. E faz isso no verão, com as almas frescas, e no inverno procura conforto urbano, volta pra casa, onde expõe seu peito aberto inatingível, incapaz, insaciável. No outono as folhas caem, os homens também, na primavera, ela renasce e retorna pros ladrilhos velhos que a acolheram. E recomeça sua história de marcas de batom vermelho em taças alheias e cigarros baratos de cereja." - foi o que se ouvia por aí.

Tudo mentira de um coração partido.