segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Cidade

O céu de São Paulo me confunde,
Eu não sei o que é poulição ou o que é nuvem,
Eu não sei seu bom humor ou quando o rio vai encher
Qualquer quarto que eu entro tem cheiro de cigarro
Os vagões que eu percorro estão cheios de doentes
Os trilhos enferrujados e tem ratos por todos os lados.

As casas estão ficando vazias, mas tem gente dormindo na rua.
É discrepância, é descaso, é insegurança
Porque eu quero sair a qualquer horário e me encontrar
E não ver crianças fumando crack
Corações idosos tendo ataque
Eu não quero problema alheio.
Eu não quero problema coletivo.

E as pessoas fazem do fim de ano uma celebração,
como se algo novo e inovador,
Algo revolucionário fosse acontecer.
Ah, eu rio.
Mas o que vale é a festa, e eu adoro festa.
Eu quero alegria e olhar pro lado e ver lágrimas de felicidade,
A vida é triste demais para sermos tristes o tempo todo.
A vida não pode ser nada em excesso.

Eu vou sair de São Paulo, mas depois eu volto, prometo.
Eu quero enxergar as nuvens
E respirar o natural
Eu quero estar de bem com a minha cabeça
E que São Paulo que está em mim,
permita que essa minha indignação, indagação e imaginação
continuem, perpetuem.
Eu posso me afastar, mas a cidade continua lá.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Resumo de um filme

Ele usa o trânsito como desculpa pelo seu atraso,
Ele usa o trabalho como desculpa para sua dor de cabeça,
Ele diz que vai ali e já volta. Mas nunca diz onde é o "ali"
Disse que precisava resolver uns problemas e que não demoraria, disse também que foi encontrar seus amigos, e quando volta, toma um banho e vai dormir.
Mas seus olhos não enganam, seus olhos vermelhos e turvos, e ele está quase caindo. Liga o rádio alto e evita conversar.

Ele está mentindo. Todos sabem disso, ele ignora. Finge que não é com ele, que está tudo bem, que não é nada. Ele só está cansado. E gritam, ele finge que não ouve, e pedem, ele promete superficialmente que isso não vai mais acontecer, e a partir de amanhã será tudo diferente. E esse "amanhã" da promessa nunca chega. Seu hábito de anos, de fim de semana, virou rotineiro, virou um vício.

Mas ele não quer admitir que prefere o bar à casa, que prefere a cachaça a que os filhos, que prefere beber até cair, que prefere esquecer os remédios e lembrar o endereço do bar, que ele diz que é de vez em quando, mas esse de vez em quando é todo dia. Que todo dia ele mente, e todo dia está cansando, e todo dia ele está desistindo.

Eu não insisto, eu não peço, eu não aconselho. Eu só relato os fatos, e o fato dessa vez é que eu desisti de você.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Carta para o tempo

E nós que esperamos tanto tempo, que anseiamos tanto por uma caixa, uma árvore, e nós que no fim de ano sabemos de cor a teoria que deveria ter sido aplicada durante o ano. E prometemos veemente a nós mesmos, ocos, que o ano seguinte será diferente. Lógico que será. Diferentemente igual, da mesma forma como foram todos os outros anos passados.

Em um ano eu fui mutante. Fui tudo o que quis ser, e também o que não queria ser. E eu ainda quero mais. Eu não encerro aqui mais um capítulo, é só um ano que está acabando, mas minha vida continua sempre com mudanças, porque eu não quero estagnar. Eu olho pra trás e não me arrependo de nada. Pois foi minha experiência, parte da minha história, e agora ficou no passado.

Eu perdi oportunidades, mas ganhei novas chances, eu vi gente desistindo de mim, e vi alguns apostando em mim, eu me joguei no precipicio, cai, me esborrachei, quebrei a cara. Estou viva, e a dor que sinto é prova disso, meus hematomas e cicatrizes são lembranças de como eu me levantei. Também fui capaz de machucar quem menos merecia, eu não me arrependo, mas vendo agora, eu poderia ter agido de maneira melhor. Eu não quero que o tempo desfaça nada do que aprendi, nada do que eu fiz. Eu quero deixar gravado aqui o que for do meu passado.

Me conheci mais do que queria, e vi que ainda fraquejo perto de algumas pessoas, e tenho receio de falar o que quero, o que penso e o que sinto. Vi que minha coragem é pequena, e evitei muitas situações. Pequei diversar vezes, e se ainda frequentasse a igreja, teria que me confessar todo domingo. Percebi que me aproximo das pessoas erradas, e tenho certa atração a situações perigosas. Eu gosto do errado.

Vi que não me encaixo, mas não sou diferente das pessoas que convivo. Eu respiro, eu como, eu durmo, eu vivo. Percebi que existem mais pessoas que posso confiar do que eu esperava. Entrei em conflitos comigo mesma, briguei com meu melhor amigo, e me identifiquei com o espelho. Minha mãe diria que tudo o que eu passei são coisas de adolescente, mas ela não sabe metade das coisas pelas quais eu passei. E não vai ficar sabendo, não tão cedo. Porque o tempo acalma, o tempo cura. E é melhor que ela saiba mais de mim, quando tudo de mim, já for passado.

Não que eu queira ser apenas passado. Mas este passado faz parte de mim, e eu não posso ignorá-lo.
E que venham novos presentes e futuros, que daqui pra frente, eu continuarei sendo eu.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Eu nunca soube.

Eu não saberia te explicar como me tornei assim. Eu estava rodeada de rostos conhecidos e amigos, mas mesmo assim não era eu, eu não estava em mim. Eu queria um abraço, mas não estava a fim de responder ações e perguntas. Senti como se eu flutuasse a casa que chamo de lar, observando as pessoas, as vidas alheias, mas eu estava ali, eu fazia parte daquelas vidas. Mas aquelas pessoas não faziam parte da minha vida, alheia. No final, peguei um disco de uma das minhas bandas favoritas e fui ouvir, pensativa.


Eu confesso que estava ouvindo baladas românticas, trilha sonora de cena de filme adolescente dos anos 80, pois é. Você sabe, aquelas musicas que você considera brega, mas um trechinho você canta. Porque isso me tira do lugar onde estou. Eu queria estar em um lugar seguro, e eu sei onde encontrar um lugar seguro, eu só tenho vergonha para pedir pra entrar. E além de vergonha, eu tenho meu orgulho, e meu ego grande demais para admitir que aqueles braços me dariam o conforto agora.


Eu quis conversar contigo, como nos velhos tempos, quando era eu e você e a ilusão. Eu achando que seria mais um, e você achando que seria a vida inteira. Ou pelo menos um tempo, que duraria para sempre.
E onde te encontro agora, se não for em uma mesa de sinuca no bar? Qualquer lugar assim, sujo de espírito, a cerveja caída na mesa, a fumaça de cigarro lá fora com o vento. E eu em qualquer lugar, menos perto do cheiro de nicotina, pois o que sinto cheiro, não é público.


Confesso que gosto dessa vida, de amigos vagabundos, de risadas vazias, de carência, vontades e arrependimentos. Mas por um dia, que fosse qualquer dia, eu queria sentir a segurança que eu nunca senti. Algo que nem sei explicar...algo que eu ainda preciso entender. E me acostumar.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Almar

Segunda-Feira, sete de dezembro de dois mil e nove.

Minha alma é um vale seco inundado de contradições, se é que é possível, e eu determino que é, pois tudo acontece dentro de mim, e eu sinto as sensações e tenho necessidade de descrevê-las, por isso escrevo. Escrevo para não esquecê-las, e escrevo à lápis*, pois sei que a qualquer momento estou sujeita a mudar de opinião, ou posso querer reescrever uma frase mal escrita. Pois sou assim, transparente como um lago, misteriosa como um rio, e extensa como o mar. Mutável, como a água. O mar que te hipnotiza, que te suga, que te arrsta para as ondas. O mar que tu descobres, que te define, que te afoga.

Eu queria escrever historinhas. É eu queria. Com um belo enredo, personagens esféricos entrelaçados em uma contagiante narrativa. Na verdade, o que eu queria era te fazer parar para pensar, te fazer querer saber mais, te fazer discutir com o papel. Te fazer encontrar na rotina, elementos que te fizessem perceber que tua vida é uma historinha. Que até hoje, tu não sabes se acredita em Capitu ou em Bentinho. Eu acredito na mentira bem-contada. Eu acredito na dúvida. Eu não tenho talento para historinhas. Nem tempo.

Eu não queria só escrever. Eu queria saber ler as pessoas, e ser a historinha que elas precisam ler no momento. Eu queria ser as palavras, os parágrafos, as vírgulas e interrogações. Muitas vezes me sinto uma bula. Letras miúdas, pensamentos miúdos. Às vezes, raramente mesmo, me sinto dadaísta. Sem sentido algum. Eu queria me sentir como a bíblia, não me pergunte porque, não darei motivos somente religiosos. E religião é um assunto que prefiro evitar.
Eu gosto mesmo não é de sentir em mim, e sim no exterior, parece que o que vem de fora refraciona dentro d'alma, como se fosse um espelho d'água. Os olhos são espelhos.

Mas o que eu admiro mesmo são os sorrisos. Um sorriso pode definir o estado do olhar. Sorrisos são difíceis de se decifrar. As pessoas em sí, são difíceis de se compreender. Algumas são até impossíveis de se conviver. Por isso muitas pessoas preferem cachorros, ou gatos....Eu particularmente gosto mais de pássaros.

Os pássaros dominam o céu. Pode existir avião, ou qualquer outra invenção. Nada supera os com asas e habilidade por natureza. Eles dominam o céu, como eu queria dominar, e sim, logo eu que tenho medo de altura. Mas meu problema não é com o céu, nem o ar, nem a altura em sí. É com o chão, o chão nos limita. Eu não gosto do chão.
Eu gosto do ar e água, eu gosto do fogo, eu gosto do que contradiz o que sou. Porque o que eu fui, não vale mais...

Não gosto de pensar que ao cair, algo vai me interromper: o chão.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Engolindo sapos

Eu vou dizer muitas coisas que vão te enraivecer.

Eu vou dizer que você mudou, você está lá e eu aqui, que você não me liga, e que não liga mais pra nós, que você se importa mais com seus outros amigos. Eu vou dizer que o ABC não te satisfaz e que você quer o mundo inteiro, você quer São Paulo à Rio de Janeiro, você quer ir para o Sul e se aventurar no sol do nordeste. E que você não vai me convidar. Eu vou apostar que nem meu número do celular você se lembra mais, e reclamar que há tempos não recebo uma mensagem sua.

Eu vou dizer que você só vem atrás de mim quando lhe é conveniente. Quando você precisa de um favor, quando você quer mandar um recado, ou mandar em mim. Que você só vem falar comigo quando cansou de fingir, e sabe que eu não me importo e não te julgo pelos teus defeitos. Que você só fala de você, você só sabe de você, você só gosta de você. Que você não me pergunta mais como foi meu dia, e nem compartilha mais como foi o teu. Que você não me dá mais presentes de papel e nem flores de jardim, que você não se lembra mais de mim em momentos do seu dia.

Eu vou dizer que você vai às mesmas festas, aos mesmos lugares que eu, sem saber que eu fui convidada. E nem se oferece para ir comigo. Que você fica na pista e eu no sofá. E eu vou dizer que aprendi a conviver comigo mesma sozinha. Eu vou dizer que você se tornou indiferente, que você agora é amigo de todos e não é mais meu, eu vou dizer que onde você trabalha, deve ser um porre, e que eu não quero favores seus divulgando minha banda por lá. Eu vou dizer que a cidade que você mora é violenta, cheia de gente, transito para todo lado e seu salário é baixo. Eu vou dizer que não penso mais tanto assim em você, e que nenhuma música mais me faz lembrar de ti. E que a nossa banda favorita está em decadência, e que só você continua sendo fã. E que fazia tanto tempo que eu não te via, que na minha memória você era mais alto. E não é.

Mas que a verdade seja dita, e a verdade sempre aparece.
Eu sinto sua falta.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Elo com o passado

Tenho pena de você, e sinto uma vontade quase incontrolável de parar o tempo e recuperar aquela criança cheia de sonhos e do sorriso mais lindo do mundo. Criança, teus olhos brilhavam, e como brilhavam! E teu riso invadia a sala e ecoava dentro de mim. Quando falava de teus sonhos de mudar o mundo e mais do que isso, você mesmo, me dava orgulho, e força de vontade para realizar os meus também. Onde estão todos eles agora? Onde estão todos aqueles que você enchia a boca para dizer seus nomes?

Eu queria te falar de tantas coisas, mas é tempo que te falta. E você só me liga quando não tem mais ninguém para conversar. E tem coisas que eu não quero saber de você, e são sempre essas coisas que você vem me contar. Eu quero saber como você está, eu quero saber do seu profundo.... era jornalismo que você queria fazer na faculdade, não era? Onde está este seu sonho agora? Onde estão teus amigos de colegial? Disso você não vem me falar.

Você me diz que anda trabalhando muito, que anda estudando, que toma café no ônibus e vai a pé para o colégio, que não quer mais fumar, mas quer sair para beber algum dia. Me pergunta se tenho dia livre para me encaixar na TUA agenda. Se for assim, eu não quero ter tempo para você. Me diz quão maravilhosos são os TEUS novos amigos, mas nunca pretende me apresentá-los, é como se eu fosse teu elo com o passado, o que te prende àquela inocência escolar, as brincadeiras e as poucas responsabilidades. Eu cresci também, se você quer saber.

Eu fiz novos amigos, eu tenho outros horizontes, conheci diferentes pessoas, e experimentei novos gostos, novos lábios e olhares diferentes ou semelhantes aos teus. Mesmo assim eu não me esqueci de você, queria que você estivesse me acompanhando em cada momento, imagino o que você me diria se me visse em cada situação pelas quais já passei... É engraçado como nossas conversar agora começam somente por um único tópico, e termina, quando não tem mais nada para rever sobre este tópico, não é mais a mesma coisa. Você não pergunta mais de mim, de como estou, se estou namorando ou gostando de alguém, como estou no colégio, e como anda as coisas aqui em casa "soube que você brigou com seus pais, está tudo bem?" , e mesmo que eu não respondesse, é bom saber que você se importa.

Não é que eu dependa de você. Não, sou feliz comigo e meu reflexo no espelho, meus monólogos noturnos e meus sonhos fantasiosos. Eu só queria ter a segurança em ti. E saber se voê tem essa mesma segurança. Eu não vou implorar, eu não vou fazer birra nem chilique, para você me dar atenção, dizer que você não gosta mais de mim, porque isso eu não tenho como saber. É que seria tão bom, tão melhor, se nossas conversar passassem muito além do "olá, tudo bem?"

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Estar assim

Eu não sei você, mas é aos detalhes que me apego:
O jeito que você digita no computador, o tanto de sachês de açúcar que você gasta em uma chícara de café,
O andar desengonçado quando você fica sem graça, sua boca entreaberta quando está concentrado,
As frases que você repete sempre, o jeito que seu rosto fica quando está nervoso,
As coisas que te deixam nervoso... quando eu te deixo nervoso.
Quando eu não tenho o que dizer, e digo algo aleatório e você ri da minha cara.

É. eu me acostumei com seus vícios.
O modo que você parece original, copiando os outros.
O cheiro insuportável de cigarro nas suas roupas, a confiança nos teus abraços,
Como você é fraco e se rende ao álcool, e como você gosta de se fingir de bêbado
As desculpas que você usa, por ter feito besteira a noite passada
Os amigos pelos quais você já me trocou
O que você pensa e não consegue dizer, e me tira do sério, porque eu não consigo entender

É que eu me identifico, eu me acostumo, eu me conforto.
Com sua respiração, com a sua voz, o seu sorriso e seus olhos.
É bom estar assim.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Cinema

Se não existe, por que insistir?
Será fraqueza minha admitir
Que a saudades ecoa em mim
Pela necessidade de tornar algo real, que no papel soa tão bonito, e eu estou tornando banal.

Você se importa?

Se eu me afastar um pouco, porque está calor
Se eu disser frases de filmes, para ter a sensação de protagonista e não telespectador
Se eu te abraçar e não passar disso,
Se eu te negar um beijo,
Quando eu seguro sua mão,
Se eu roubar suas palavras, tirar seus momentos, suas músicas, o seu quarto, sua privacidade.
Só porque eu quis ver qual a reação.

É errado?
Te usar por satisfação pessoal
Fazer experimentos emocionais
Mas que culpa eu tenho?
Se eu sou assim
Eu preciso ser assim
Minha curiosidade não se afoba, eu quero saber como é
Essa palavra, essa sensação,

O sexo, o romance, a necessidade de outro,
O suicídio, a vontade, saudades, carência
A lembrança, a intensidade, o calor e o frio
Da ausência e a presença, a sombra, a distração
O medo de perder, a timidez, os olhos fechados,
A respiração, a adrenalina, o descontrole do coração.
Os detalhes que parecem ser de filmes...

Minha vida não é um filme,
e que não seja por isso, eu mesma invento.

domingo, 22 de novembro de 2009

Encantada

Acabou-se o encanto, e príncipe, você não é o herói dessa história, não dessa vez. Não tem mais a mágica, o mistério de como seria... agora é somente aquela sensação de vida comum, realização comum, e cadê a graça?

Eu não me esqueci de quem sou, eu não me soltei no precipício na esperança de voar. Fiquei aqui na terra segura com a certeza de sobreviver, que pena, eu não senti o frio na espinha, calafrios percorrendo todo meu corpo. Eu estava consciente de tudo e exatamente por isso, eu desejaria que nunca tivesse acontecido.

Quero ir a um bar, beber e esquecer da culpa, da dor, e das minhas pernas bambas sem motivo. Meu corpo grudento, seu cheiro em mim, meu cabelo bagunçado e jogado no meu rosto, no seu rosto, meu pescoço está com um machucado. Ah, eu preciso de um banho, eu preciso de outra noite. Se importa, se eu for dormir mais cedo dessa vez? Eu quero ir para casa o quanto antes.

Vou ver um filme, ler um livro, me mergulhar em uma ficção e esquecer de tudo, por um instante. O melhor a fazer agora é deixar o silêncio dominar, que o conflito em mim grita, clama, implora por atenção, por uma chance de causar discórdia, e eu não preciso disso agora. É como se eu não precisasse de mim...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Texto em vermelho

O passado é passado, e todas essas filosofias baratas de biscoito da sorte não me satisfazem. Nem ao menos o biscoito me satisfaz. Por que é tão difícil encarar a rotina? A rotina que me prende e me força à aceitar verdades de prateleira. Aquelas livros na minha estante formariam uma bela fogueira. Está tudo errado, tudo errado.

E eu já me cansei de falar de sonhos, eu já cansei de monólogos, e por que é tão difícil mudar? Simplesmente pelo fato de que eu não quero mudar. É mais fácil me acomodar saudavelmente a situação que me é imposta, mas é lógico, com suas exceções. Não quero ser somente e simplesmente normal, assim basicamente normal...

Eu sou instável, e aprecio excentricidades. Tudo e todos são lindos em sua forma, de certa forma e por que não apreciá-los? Eu só quero ser feliz nas minhas oportunidades, com quer que seja. Meninos e meninas são todos iguais, e por que não amá-los? O coração pulsa do mesmo jeito, e as borboletas voam e se encontram.

É tudo natural e eu não posso me impor a isso tudo que acontece eventualmente, mas é lógico que existem suas exceções...

domingo, 8 de novembro de 2009

Exagero e Drama.

Prometi não mais mentir, e minha mãe diz que sou uma pessoa difícil de se confiar. Quem sou eu para discordar?
Mas mentir faz parte de mim, por isso escrevo. Escrevo mentiras que até eu mesma acredito, são fantasias, romances, são histórias, brigas e fatos. São no geral exageros.
Exagero de dramas, amores, de raiva, de não ter no quê acreditar, são exageros de verdade que ninguém está disposto a escutar. E justamente por isso são exageros.
Eu fecho os olhos e mergulho nas palavras, e deixo elas me alcançarem. Eu já tentei de outra maneira, já tentei outras formas e formatos, mas nada mais me agrada e me poupei do trabalho de arriscar.
Mas o que eu poderia arriscar, se não tenho nada a perder? Oras não arrisco, porque nunca fui uma pessoa corajosa.

Não é à toa, afinal, que me escondo atrás de mentiras...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Surpresa

Acho que você nunca vai perceber - sequer saber - que você me surpreende.

Eu não sei o seu sorriso, e os minutos que te conquistam. As músicas que você ouve e aquelas que você esconde. As ruas que você anda, ou as horas que você nem sabe onde está. Os dias que você tem vontade de sumir, ou os dias que você diz 'oi' para todo mundo, porque te deu vontade. Aquilo que você fez errado, aquilo que não foi sua culpa, o brilho dos seus olhos, uma mentira, ou uma desculpa.

É sempre uma surpresa suas palavras, e a energia que elas transmitem. Eu não sei como reagir, é sempre uma surpresa.


Seus momentos são sempre únicos, me dá vergonha de pedir para compartilhá-los comigo. Eu somente posso demonstrar minha admiração, assim, de longe mesmo. Eu no meu canto, e você no mundo todo.

Eu te dedicaria minhas saudades, é egoísmo pedir para você voltar um pouquinho? Um pouquinho suficiente para uma música, um sorriso, um abraço, um beijo.

Que para mim, serão sempre infinitos.

Porque de ti, eu nunca me esqueci :)

domingo, 25 de outubro de 2009

Só rindo.

Ô menina, por que faz isso comigo? Me deixa na dúvida e preocupada contigo. Tua urgência me desespera, que sei que não sou capaz de supri-la, e eu jurei que iria tomar conta de ti... Não fui capaz. Não sou capaz nem comigo sozinha, imagine para com os outros? Meu coração palpita e clama por atenção que não recebo, e não faz diferença agora que tudo já passou.

Eu fui uma criança a noite, nenhuma luz no céu, nenhuma estrela e mesmo assim, fiquei hipnotizada ao olhar as nuvens no céu roxo. Eu quis sentir a brisa, e pra minha decepção estava calor, muito calor, eu não queria sentir calor. Deitada ali na cama elástica, eu continuaria ali, se não fosse o calor, e minha garganta coçava e pedia por uma bebida. E diferente de outros dias, eu recusei o álcool.

Minha esperança se apagava como a vela no salão, pequena e resistente, mas de pouca claridade, quase sem intensidade, ela corria de mim, se escondia de mim, e eu tentei tantas vezes, eu tentei... Eu desisti e me rendi as tentações dos líquidos que queimam a garganta, mas me enchem de coragem. Eu resolvi querer voar, e sem sucesso, pulei o mais alto que pude, o mais alto que consegui, mas o céu me recusava e me rendi ao chão. Fiquei ali novamente deitada. Eu não pensava em nada, eu não consigo voar, nem falar, nem...

Interpretei os fatos e circunstâncias, nada ao meu favor, eu não fui participativa e passei despercebida, de volta aos líquidos que me queimam a garganta, chegou uma hora que eu não aguentava mais, larguei o copo em qualquer canto e respirei a vontade, minhas palavras foram necessidade e ir embora foi uma fatalidade. O tempo corria, as pessoas giravam, todos falavam, eu não prestei atenção em mim, eu fui embora mais uma vez sendo ninguém.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Maracujá.

Eu não sei porque (talvez eu saiba e não admita), estou sentido falta de coisas que nunca tive, portanto saudades não pode ser. É ausência mesmo, a falta, a vontade do novo, do diferente que todo mundo faz igual, e eu nunca quis viver essa experiência. Eu cansei de viver esse romance com o espelho e de narrar minhas histórias para mim mesma. E minha caixa de papéis em branco está cheia de memórias que eu não tenho, são lembranças irreais, porém doloridas. E dói muito saber disso. Que meus dias estão passando em branco.

As oportunidades que perdi. Quando te verei de novo? Sábado? Domingo? Quem dera eu, todo dia ser uma aventura, uma declaração, uma descoberta! Mas que fosse recíproco e vivaz. Que fosse meu e seu, sem esconder, ou disfarçar de ninguém, que fosse meu e seu, toda semana, todo dia, todo instante que eu quisesse sentir sua respiração. Porque meus olhos nunca te mentiram, mas omitiram quando tive medo, e criança eu sinto medo todo momento que você está muito perto de mim, me dá arrepios.

E eu que tanto planejei, e meus planos de nada serviram, continuo insistindo e para que desistir logo agora? Eu que nada sei e quero tanto aprender, que a vida não me espera, mas eu espero tanto um milagre, porém sei que ele nunca vai chegar. É preciso agir com minhas mão, isso eu sei. E a coragem para isso, onde está? A coragem é que me falta, que vontade eu tenho de sobra...e sobra até demais. Mais do que eu queria ou que deveria. Eu nunca me senti tão pequena...

Diante dos seus sonhos e desejos, da sua existência imponente e única, criança? Pequena sou sim, admito, e admiro sua força, e teu brilho que nunca se apaga, seu sorriso sempre será único. O sorriso que tanto invejo, e que tanto me faz tremer. O que me faz ficar sempre assim sem reação, perto de você? Sem palavras, sem reação... E eu só tinha uma pergunta para fazer, era só um desejo, que talvez, você pudesse fazer parte.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Ninguém e eu, a mesma coisa

Querido, não seremos jovens para sempre, e as coisas mudam, as coisas evoluem, a gente morre e não vemos nada disso. O importante nada importa se o agora não é vivido com intensidade, se não soubermos separar a vida, a realidade, o desejo e o sonho. Uma hora a gente percebe que o coração é somente um punho ensanguentado, que a flor não passa do orgão sexual do vegetal, que o fruto é um ovário, e que o sabor doce aos lábios, é só um aperitivo. Que você é racional. E acima de tudo um animal.

Não sou mais criança, e eu acordei agora, somente agora percebi que nem tudo é lindo, que as pessoas tem maldades nos olhos, que a esperança se equilibra dos dedos de quem merece, e o mundo sobrecarrega os ombros de quem não merece. A vida é injusta, primeiramente porque ela é findavel e ela acaba com qualquer um que der a chance. E eu luto contra ela e à favor dela.

O céu tem nuvens e as nuvens são de água, não faz sentido para mim e por que deveria fazer? Se eu não quero ser assim, do óbvio para o óbvio. Eu quero o absurdo, e nem ele me satisfazer. Minhas verdades serão minhas e somente eu poderei julgá-las, que no momento eu não quero ninguém, eu não preciso de ninguém.

Estive parada, mas já fui à todos os lugares. Estive longe, mas sempre no mesmo lugar, sempre perto. Eu prefiro o silêncio à que palavras falsas, eu prefiro o nada à que lágrimas, eu prefiro o meu café com leite com minhas manias à que sua vida desregrada e vazia. Eu prefiro ser eu à que ser ninguém.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Em Casa

Querido, eu sempre estive aqui e nunca fui a lugar algum. Você que sempre está longe, e onde vou te encontrar se não for no seu lar? Não me confunda tentando me culpar, eu não quero desfazer nada, disso eu tenho certeza. As notícias que tenho de você, vieram a mim por outras pessoas, que segurança eu tenho? Criei a minha segurança sozinha, o meu forte sozinha: eu mesma.

Você quis se encontrar em outros olhos, outro sorriso e se perdeu. Eu fui contra isso, sempre fui e nunca te avisei, pois era o que você queria, deixei estar. Não me diga que eu não estava ali por você, eu estava só te observando, vendo você aprender com seus passos, eu nunca te neguei meu ombro para você chorar, e eu iria correndo a qualquer lugar (já que nunca está em casa) te salvar. Eu fui tantas vezes mais você do que eu, que eu me perdi, eu me perdi, pequeno...

Estou me achando agora e isso me faz tão bem, saber quem sou, e se não sei, eu posso descobrir. Não me peça para desistir disso porque você quer, porque você sente falta. Criança, estou me virando, e procurando minhas metas e objetivos e felizmente, estou conseguindo, mas isso não quer dizer que você não está incluso. Sou a favor de você tentar o mesmo, porque nada lhe fará tão bem quanto você mesmo. Eu sofri calada por um tempo, porque não quis me desvincular de você e não quis te preocupar, e graças à isso, eu pude agora me vivenciar, me compreender. Eu me quero tão bem, eu quero estar tão alto, eu quero ir longe.

domingo, 11 de outubro de 2009

As nuvens

Eu preciso do meu tempo, eu preciso do silêncio, eu preciso mais de mim. Eu preciso aproveitar o momento, eu preciso respirar, eu preciso rever meus conceitos. Eu não me arrependo, mas se tivesse a chance, não cometeria os mesmo erros. Agora é tão difícil voltar atrás, é tão difícil reconciliar... E vem você me dizer que está tudo bem? Só se for para você.

Estive tanto tempo à só que é uma surpresa você ter percebido só agora, que o que eu mais quero é vivenciar a companhia comigo mesma. Estou bem, e por ser assim, eu quero continuar assim. De qualquer forma eu me irrito com minha facilidade de desistência de qualquer coisa que eu almejo, eu sempre penso que será melhor assim, parar de agir, sonhar mais... ah meus sonhos, são só sonhos criança...

E criança, você faz parte do meu sonho. E por fazer parte do meu sonho, te torno inatíngivel, o que me faz desistir de tentar te alcançar em toda sua plenitude. Sorria, e continue assim, que enquanto teu coração bate, eu danço ao seu ritmo. E quanto a todos os outros que são tão meus enquanto durmo e tão distantes à luz do sol, eu continuo a fantasiá-los puros.

Eu queria ser capaz de dizer todas as coisas que penso, na verdade, queria que você tivesse o poder de ler meu pensamento, porque afinal eu não sou tão difícil assim de se prever, faça um esforço, criança. Enquanto isso eu me contenho em meus sonhos, textos, frases e pensamentos... Tantas nuvens, que somente às nuvens, elevo meu pensamento.

domingo, 4 de outubro de 2009

Lugar algum.

Eu sabia que a menina cor de fogo era frágil, mas não sabia que ela recoreria à mim. E sim, eu me identifiquei com tal fragilidade e me expus da mesma forma que ela desejava fazer. Foi como se estivéssemo ali, uma para a outra, a vida inteira, em poucos minutos. E ela foi a única pessoa que eu me aproximei a noite inteira. Diferentemente do que eu queria ter feito.

Tinha aquela outra pessoa ali, sentada no canto da parede, e eu de frente, sequer disse o que queria dizer. Tinha aquela pessoa que me dedicou uma música, e eu queria que fosse dedicado tanto mais... E quando aquela pessoa foi embora eu pensei comigo mesma "mas já?", e me segurei para não ir atrás antes que o carro desse a partida. Desviei minha atenção à quem de verdade deveria. Era o dia do menino que brilha. E ele brilha tanto, seu riso é tão gracioso, sua áurea é tão pura, eu o admiro em tantas maneiras.

E apesar de tudo, apesar de mim, eu não me sentia lá. Fui ao banheiro e demorei. Sentei no chão, que nojo de mim, e respirei, levantei e fui ao espelho, lavei minhas mãos e minha nuca. Eu não sentia vontade de voltar para lá. Voltei com a vontade de estar voltando para casa, eu queria na verdade...eu queria a verdade... A verdade por minha parte. cansei de mentir.

Quando a menina cor de fogo me pediu para irmos lá fora, foi um alívio. O ar gelado e leve, e não aquela massa de ar pesada e quente, aquela nuvem em cima de mim. Eu olhei pelo vidro e foi uma cena de natal, todos reunidos e felizes. Quis que ninguém me visse os observando. Sorri pela felicidade deles, enquanto eu ouvia a garota cor de fogo.

Ultimamente eu ando me controlando, pois impulsiva que sou, sei que sou capaz de fazer coisas das quais me arrependeria, e evito o álcool, assim sendo. Mas quando preciso da minha impulsividade, ela se esconde atrás do meu receio e predomina a timidez. Fica difícil assim, até dizer o que quero, o que penso, o que me incomoda. E dessa vez eu não tive tanta dificuldade, pois era recíproco nossos medos. Oh garota, conte comigo, que estou aqui e não vou a lugar algum.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Entre eu e eu mesma.

Não sei porquê(talvez eu saiba e não admita) eu sempre me apaixono pelos olhos, não importa se são eles verdes, azuis, claros, escuros, castanhos....Eu me distraio acompanhando as nuances emocionais por esses espelhos pessoais. E um olhar ontem, só aquele olhar, salvou meu dia. Por que aquele olhar não foi de dó, não foi de dúvida ou de pena. Foi de alegria singela, tranquilidade, aqueles olhos indescritiveis, a pupila tão objetiva e foi um conjunto : o sol, o sorriso e os olhos. Salvaram meu dia, e eu disse à mim mesma : "eu passaria a vida inteira com esses olhos." Desejei olhá-los por um maior instante, um instante da vida inteira.

Eu me preocupo tanto com as palavras, tenho tanto cuidado, e isso me impede de dizer tanta coisa. Ah se seus olhos soubessem tudo o que penso em dizer quando os vejo. Eu diria tudo hoje, ou amanhã, mas para que a pressa? Esse verde é tão único, deixe estar...
O céu se abria conforme o meu dia se retia em água salgada e soluço. Minha garganta ainda dói. Eu aliviei o que eu tinha que aliviar, minha mente parecia uma pessoa a parte, pois ela fugia do assunto e narrava a situação como se não fosse comigo que aquilo estivesse acontecendo. Eu quis rir essa hora, e nessa hora, seria desespero.

Ouvi repetidas vezes frases que eu já pude decorar, e de decoradas eu não mais me importo com elas. Quis pular direto para semana que vem, por favor! É. A vida não permite. Ainda bem que aqueles olhos apareceram. E também a pessoa que não é mais a mesma, mas só por fora. Ela continua única e excepcional, me orgulho em dizer e afirmar que ela é umas das primeiras para mim.

Eu fiquei com medo não minto. Seria hipocrisia minha dizer que todo meu medo foi devido a consequência e somente, ah não meu medo vem de cedo, desde manhãzinha, desde o café com muito açúcar - do jeito que eu não gosto. Eu fiz tudo pelos motivos errados, eu queria somente estar e conversar, suprir minha carência, minha necessidade de gostar, de querer, e eu não supri nada disso. Ainda há uma lacuna. Eu me decepcionei de manhã, comigo mesma, e eu querendo descontar nos outros, oras Nara Lucia, que falta de caráter!

E quando eu saí, eu fui sem olhar para trás, eu tinha problemas maiores que uma ressaca- que afinal não era minha. Eu sei das minhas ações, e as reações, eu que devo lidar com elas. Eu sei. E quando eu saí, eu queria definitivamente sair. Eu queria simplesmente ir embora, eu fiz tudo da maneira errada. Poderia ter estado ali, e ter feito parte do momento. Os olhos castanhos estavam esperando só pela minha resposta e eu não respondi. Fiquei repassando o dia e imaginando como seria o final, no caminho de casa.

Fiquei plantada, senti o sol me queimar a face, vi carros, pessoas, rostos conhecidos também. E só aqueles olhos que me fizeram parar de mim, me fizeram prestar atenção e sorrir por dentro. Meus pensamentos eram tantos, tantos tantos... enfim "Oi." E eu queria ter prolongado...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sala Vazia

"... se encante mais meu pensamento..."

Uma sala vazia te satisfaria? Porque tu danças cada enredo, eu não sei se me mexo, e tenho medo de te fazer cair.

Dance a cada nuvem que te cobre, que o sol te vem brilhar, e eu fico a te observar, desejando ser a inspiração de cada passo teu, que tu me interrompes o pensamento, a fala, o movimento. Eu fico sem ar, gaguejo à tua soberania sobre mim, tu ris, e eu fico na dúvida se foi para mim, ou de mim... Eu, apenas no ar e no desejo, desenho chão de estrelas, pelas quais teus pés passariam sutilmente, e elas se eclodiriam pela tua presença. E tua vida seria eternamente fogos de artifício, me trariam sorrisos, e de lágrimas nos olhos, eu, na primeira fileira, levantaria e aplaudiria, assim como outros milhões fariam.

Porque tua vida é nos palcos, e lá tu brilhas sem pudor, desde que, depois, volte a ser meu e somente meu, entre as paredes do nosso infinito, que não são suficientes para mim, te ter somente um infinito, eu quero universos, eu quero o o mesmo ar que o teu, a mesma luz que te ilumina, eu quero teu sorriso a cada manhã, teu vôo alcançar o céu, e de lá eu ainda te sentir aqui perto de mim. Porque é assim que eu sonho a vida inteira.

O príncipe que me conduz pelo salão, o que eu não faria por ele? E ao redor não há mais ninguém, não sinto nada, nem ninguém, a melodia é o som da tua respiração, não sinto aos meus pés mais o chão, e que chão? Para que chão, para que Terra? Se, agora, eu tenho esse momento meu, esse calor que também me pertence, a mão que me segura, e os olhos que me vigiam. Eu sinto em meu peito as batidas daquele coração, é como se fosse em mim injetada outra vida, que agora se faz minha, e que eu, do outro lado, observo tudo atentamente, e controlo tudo perfeitamente, o filme que eu imaginei...

Eu peço à Deus todas as noites, que nunca morras. Pois, mesmo com ciúmes, desejo que outros mil vivam a mesma experiência que eu. Ao teu lado, estrela. E mesmo após minha morte, queira a Morte te levar, eu não permitirei, pois a vida, assim como foi com a minha, te pertence, e ninguém poderá levar isso de ti. Te observarei em todas as nuvens que te protegem a sombra, e meus olhos se iluminarão sempre que os teus a cima se direcionarem.

Que tua luz seja tão infinita quanto o infinito que eu criei.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Forma Indevida

Eu gostaria de ter o mundo, se fosse possível. É ridícula a diferença entre o modo que vivo para o modo que quero viver, está tudo tão longe, isso me desanima de tentar. Por que eu tenho que alcançar o que todos (e qualquer um) consegue se eu posso tentar algo a mais? Se eu posso, e sei que sou capaz de ir além... Me restringem do meu próprio talento, ah...

Eu me revolto e me rebelo de forma indevida, e me sinto julgada sem antes saberem dos meus motivos. É arrependimento que bate à porta, e eu me recuso a atender, fecho as portas e apago as luzes, fingindo que não tem ninguém aqui dentro, porque não tem ninguém de qualquer jeito...

E os olhos que me atravessam pelas ruas, me acertam como flechadas, quanto aos olhos conhecidos, os meus pedem desculpas, muitas vezes cabisbaixos. Os olhos verdes que me olham com medo, os castanhos que me desconhecem, e os castanhos claros? Aqueles olhos que não me pertencem mais, eles não me olham mais.

Sobre os rostos que eu gostaria de receber notícias, eles me renegam. E de tudo isso, eu sei que a culpa é minha. Sinto falta de afeto, e exagero em pedidos, me desespero e fico constrangida, me retenho a quem sou ali, perto da parede, com o olhar longe e desfocado - eu até fumaria um cigarro, se não fosse asmática.

Respiro e sinto alguém à mim se dirigindo : "O que te acontece?", "Nada, é isso que me acontece". Não me importa quem foi, ou se acreditou, já que nem eu acredito...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sabor de viver

A vida se dispersa, mas o que pertence à nós, sempre volta ao lugar. Hoje foi uma prova de que eu sempre terei onde me refugiar, por mais que mude, por mais distantes, sempre próximos, sempre ligados. São coisas que talvez nem Deus consiga mudar. Coisas que teremos sempre a necessidade de completar, e voltar parece nunca termos partido.

Ah querido, parece que dividimos o mesmo sangue. Uma mente é a extensão do outro, o meu corpo se arriscaria pelo teu, inevitávelmente, é recíproco e eu nem preciso cobrar.Eu me orgulho do que fomos e do que somos hoje, os sonhos que temos...eu não gastaria um minuto com isso, se não valesse a pena, e eu sei que vale a pena. Simplesmente estar.

Me faça rir, esquecer de qualquer e todos os problemas, mas sem me distanciar tanto da realidade que eu não me perca na hora de voltar. Voltar para casa e enfrentar a falta, a perda, a saudades, qualquer outra dificuldade que só está aqui dentro. Dentro de casa é outra história, eu não falo de meninos e meninas, de preconceitos, de ilusões, de sonhos grandes demais, do cansaço da rotina...É dor de cabeça.

É só pensar então no futuro que planejei, que felicidade plena! Senhor como será viver de claves, partituras e escalas? Sonoridades próprias, aah Deus! Sorrio só de pensar em tudo que quero conquistar...mas não esqueço, porém, dos empecilhos, ah Senhor serão tantos, quem dera fosse fácil assim como um filme, ah senhor se fosse fácil assim...talvez não fosse tamanha a urgência de um sonho se realizar, talvez não fosse tamanho o prazer e o deleite de viver o que sempre quis.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O que café, o que fumaça.

O mundo não é redondo, é,pois, deformado. Porque o círculo é, como todas as formas geométricas, perfeito. E convenhamos amigos, perfeito é a única coisa que o mundo não é. Mas, sob a minha concepção, a perfeição é, antes de tudo, uma criação humana. assim como o bem e o mal. Entre outras coisas, essa necessidade de atribuir características à tudo. A perfeição é relativa ao que encaixa melhor no seu viver, incluindo todas as qualidades e defeitos.

E (não) atire a primeira pedra quem atingiu essa plenitude ainda vivo. Pois eu duvido, ahahaha olha minha ousadia, que qualquer ser humano é capaz disso, ainda mais sozinho. Veja, o ser humano é sempre, repito, sempre subordinado à algo ou alguém maior, independente da área, e são muitas que a sociedade implica, portanto, sempre precisa de ajuda, por outro lado, é egoísta. Egoísta demais para dividir suas glórias com outro. Sendo assim, um ciclo.

E o que me leva a pensar, e julgar a tal, é oras, minha rotina (!). O que eu vejo nas ruas, em casa, nos meios de comunicação, é totalmente diferente de tudo que qualquer dogma prega. Diferente das promessas, dos panfletos, dos cartazes, das lojas, das canções, dos anúncios de que uma garrafa ou um cigarro trará felicidade. O que o café, o que a fumaça, o que o tempo sentado, parado, adiciona à vida?

Eu ando descrente do mundo, dos seus criadores e conselheiros. Que profeta é esse que abandona seu povo e vai viver de dinheiro? Que povo é esse que deixa isso acontecer? Que povo é esse que mata seus semelhantes, e eu não digo somente os Homo sapiens ? Quem cala consente, e apesar de todo alvoroço, o mundo anda calado. E com medo. E no fim, não é que o mundo seja imperfeito, e sim aqueles que o renovam à cada dia.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Segunda-feira

Francamente eu não me vejo no meu melhor. Tem coisas que o mundo não pode tirar de mim, coisas que talvez mudassem o que sou hoje. O que me acontecesse hoje, eu não tenho quem culpar, talvez seja o tempo que separa o que foi verdade e o que eu gostaria de fosse. Eu descarregaria minha raiva em um só sábado, essa angústia que eu tenho durante os dias, 6 horas por dia... Mas eu prefiro não, seria desperdício de energia, e me desgasto nos papéis, nos riffs, e no vento. E peço, quase implorando, para fazer somente o que estamos ali para fazer, sem desperdiçar saliva, a melodia exige tanto de nós e nos preocupamos mais com as palavras.
E quando me permito dizer que estamos prontos para o que for, estou disposta ao que pode vir, sou privada dos pensamentos, isso fere meu orgulho, um simples "cale a boca" vindo da pessoa que menos espero, fere meu orgulho e me desanima. Eu não estou gostando mais dessa brincadeira, eu quero ir embora. Se esse sonho não for meu também, se esse sonho não vier de mim, se eu for apenas quem executa...eu prefiro ir embora, não quero me esforçar para construir algo, se eu não for o arquiteto.
Segundas-feiras são exaustivas. O pior é que elas se arrastam. Até sexta -feira. Mas sábado já parece segunda, e domingo também parece segunda. Imagine só, uma rotina de segundas-feiras.
Eu não respiro um momento meu, eu respiro letras, reinos, nomes, lugares, artes e os prazeres? Restrito a um único dia. O dia da dor de cabeça e zunido no ouvido, o dia que eu fujo de casa. E de que adianta tanto sacrifício por algo que não me dá retorno? Ah, estou tão imediatista esses tempos...esqueço do longo prazo e das estações seguintes. O ano não é feito só de verão.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Intenso.

O que acontece com o mundo em mim? Pois parece que emfases, tudo se destrói e não parece ir bem por um longo tempo. Por que tudo se quebra em mim, quando minhas fundações não estão seguras? É uma maré de azar, meu ano que azar, e eu vejo meu sonho se realizar em meio ao caos, e eu tenho que permanecer em pé em meio ao desabamento, parecer forte, não deixar tudo cair de uma só vez.
E após um longo tempo, quando a sorte finge estar ao meu lado, sobram as rachaduras, que as cubro com meus próprios dedos, eu tento me segurar, manter esse infinito em mim, não deixá-lo um vácuo. O que sobra enfim, é um passado castigado, um presente frágil e um futuro irreal.
O céu que nos protege, não me pertence, e mesm oque eu alcance as nunvens, elas nunca serão minhas, ou de algodão, ou ao menos doce para os lábios. Me diz estrela maior, você vê o que acontece aqui embaixo? Me diz que aí em cima é melhor, estrela maior, que eu arrumo um jeito de chegar...como seeu nunca tivesse tentado.
As vezes parece que a dor é melhor do que viver, mas eu não me rendo. Não! Fugir assim, perimtir que apontem que eu desisti? Não darei esse prazer à eles assim tão rápido. Um crime assim, tão vulgar, me julgam sem ao menos saberem quem sou, sem saberem minhas intenções. O que eu imaginei como verdade, até agora não foi ao meu favor.
Senhor, me explica como minhas intenções podem me prejudicar sem ao menos se realizarem? Nunca é o bastante tentar, imaginar, boas ações não são recompensadas da mesma maneira que uma má é criticada.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

27 de Agosto de 2009

O que garante que meus medos e sonhos não serão para sempre? Ultimamente, estou tão insegura e indecisa dos meus planos, e os dias presentes, para mim, é como estar em um barcosem velas à deriva... nem um mapa, nem bússola. è tanto mar, tanto mar azul à minha volta, tanto mar... E por causa da minha insegurança, ando tão nervosa e contraditória, gaguejo até no "olá"...

Estou triste, com dores de cabeça e preocupações, alheia à tudo e indiferente à todos, minha indeferença é interpretada como desprezo, e de tão indiferente que estou, eu não ligo. Hoje fiz algo que me acostumei - dentro de casa- à fazer : pedir desculpas. Mas estava alheia e indiferente à isso também, eu só me importava com a menina cúmplice dos meus erros, ela chorou por nós duas. A vontade era de abraçá-la e pedir desculpas à ela, e não aos outros, os outros não.

Mas não é de agora que estou assim, isso é raiva acumulada, senhor! Eu preciso de terapia. Tem tanta coisa entalada na minha garganta, tantas dúvidas comprimidas em minha mente, eu não sei mais quem sou ou deveria ser. Eu vejo o mundo se movendo, mas eu não o acompanho. O que faço ou deveria fazer, não estou me importando mais...Parece até que me acostumei a estar sempre chateada, e de certa forma, até estou, tanto que nem me preocupo mais com quando me machucam.

Eu gostaria tanto de alguém disposto a me ouvir, e me apoiar a qualquer momento, sem julgar meus atos. Ah foram tantas besteiras pequenas, bobagens, que em grande proporção, magoou tanta gente. Mas eu juro, juro que não foi a intenção, como já disse "isso é raiva acumulada". Tantas bobagens, e eu não fui madura o suficiente para saber a hora de parar. Eu me afoguei sozinha. E amenina cúmplice dos meus erros, sem malícia tomou minhas dores e parte da culpa. Crueldade minha, deixá-la se expor dessa maneira.

Senhor, eu não importo que coisas ruins aconteçam comigo, mas aquela menina é especial, ela é inocente. "E eu falei sem pensar" nas consequências e reações, eu não deveria ter usado um dom para o mal. Eu já fiz isso tantas vezes, que não imaginei que dessa vez, pudesse dar algo errado.

Por outro lado, vejo a oportunidade enfim, de me livrar de tal peso nas costas. Esse mundo, o qual eu não pertenço, esse mundo que me exclui. Eu já fui tão melhor, e hoje não sei quem sou ao certo. Sem personalidade, um reflexo. Eu tenho sido um reflexo, um conjunto imagem. As pessoas só reconhecem seus próprios reflexos. Eu não me reconheço. Isso me adoece, o fato de saber que vivo entre números, palavras, sugnificados, ah eu fico doente sabendo que não é isso que eu quero : acumulações.

Está tudo quebrado dentro de mim, não sinto vontade de falar, nada me afeta, nada me faz chorar. Eu não chorei, foi como se eu não me arrependesse. Passou como um filme em minha cabeça, eu olhava pela janela dos olhos, e pela janela da sala. Eu observei as pessoas, eu observei as nuvens e o passarinho que me vigiava. "Ah passarinho, minha vida inteira foi em vão..."

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O rei da jogada.

"Você acha que eu recusaria um pedido seu?"
Eu gostaria de tentar um futuro incerto, mas que fosse meu e teu. É a situação agora, entenda, que o futuro fica só na vontade. Eu te faria feliz, se fosse minha vontade. Mas eu sou tão indecisa quanto o Cláudio* é péssimo. E você não é a decisão certa para o momento, saiba que, é algo pessoal, eu querer outra pessoa, e você deveria fazer o mesmo.

Eu desisti de tanta coisa por medo de tentar e dar errado, e no momento eu não estou me importando tanto assim com os meus erros. E foi contigo, criança, que eu mais errei. Eu agora, invisto em mim e em meus desejos, estou disposta a arriscar coisas que as tive segura desde sempre - até agora - por coisas que talvez, nunca dê certo. Mas é isso que me agrada.

A incerteza não é um compromisso, me agrada isso, a liberdade do sim, do não, ou do talvez, com a opção de testar, arriscar ou simplesmente continuar. Ah, é tão prazeroso e satisfatório esse mundo sem dívidas pessoais, sem dar explicações a alheios. Eu gosto de me perder por outros caminhos, experimentar novos gostos sem medo do julgamento, mas o prazer no mundo de agora é esconder. Todo esse teatro, e nos consideramos tão inteligentes, ah mal sabemos da vida, ah como somos leigos da verdade.

E apesar de tudo eu não sairia daqui, não agora, que a situação é cômoda, e o rei da jogada, é meu. Não será assim para sempre eu sei, e isso me dá vontade de jogar.

* Cláudio = professor barrigudo e narigudo com cabelos cacheados e compridos (vulgo cachinhos prateados) de matemática. Os alunos referem-se a ele como: cãozinho dos teclados, "sim sim?", robson crusoé, entre outros...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Papéis passados

As coisas que eu digo que te fazem sorrir, eu não tenho a intenção, são espontâneas. E a poesia que te faz ser minha, é uma cópia de um verso de outdoor. Eu criei um mundo para ti e agora não quer sair daí...

Eu nunca menti para você, mas por insegurança omiti informações, coisas pequenas entenda, coisas humanas. E quando estou nervosa eu me contradigo, e você sabe disso, e ri para mim, que estou com os olhos baixos e a voz gaguejando, oh tenho tanto medo que me entenda mal, ah, eu temo por tanto. Na hora eu disse tanta coisa que foram verdades sinceras de mim, mas agora não é mais, entenda meu bem, que tenho esperança que me perdoe, foram erros pequenos, erros que só são erros agora.

Acontece que a primeira vez serve para aprender, a segunda vez, você já criou um escudo para se defender. Eu ainda não tenho esse escudo, estou tão insegura fora do meu casulo, e não é devido a essas coisas que vemos na televisão, estou insegura de coisas que não são notícias. Eu te chamei até aqui, e esqueci do que ensaiei para dizer, nossas mensagens trocadas, as cartas, contabilizam folhas e folhas de histórias seguras onde posso me refugiar, mas de que vale viver de passado papel? Não é a vida, é o sonho...é passado.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Apenas uma vez

Me sinto tão frágil nesse momento me alegando impotente de assumir minha falta de interesse pelos outros. Mas foi só segunda-feira chegar que parece que isso mudou. Deve ser a música, ou os rostos de domingo que despertaram esse súbito interesse em não ser sozinha pela vida.

E eu ainda não sei em que sentido estou falando.
Se foi do menino que me afetou, ou da garota que me desperta, para o mundo exterior, e então eu sei que existe vida fora de mim. Vidas com corações e opiniões. Cujas quais, eu não dei importância devida. Eu agora vejo que o que disse foi de olhos fechados, por medo, e esqueci de quem eu pudesse magoar. O medo de perder a autonomia nos meus instintos, o medo é sempre medo menina...

Ontem eu percebi que a vida é fora do espelho caro amigo, essa quem eu era até então, era apenas o reflexo, não eu. A minha voz, não é minha, as palavras não são minhas. Era um reflexo. E o que me fez perceber isso foi um "beijo". A palavra beijo, não o ato beijo. E eu percebi que eu estava sendo um reflexo. Um reflexo não meu, e nem seu, porque se fosse teu, caro amigo, você reconheceria. Fiquei em transe desde então. Cheguei em casa com o corpo moído, exausta de mente e de coração palpitando. Dor de cabeça e decidi dormir.

Eu pensei no menino que não lembrava de mim, até a hora que adormeci enfim.... o menino que não lembra de mim, porque eu fui um reflexo, eu não fui dele, eu não fui... O tempo em mim é tão velho, que coisas ainda recentes aconteceram meses atrás, eu fui deixada para trás. E me dei conta disso ao ver que existe só uma pessoa recuperando meu tempo, e eu a dispensei. Mas o menino, não lembra mais de mim... De que vale meu mundo então?

Se sua cabeça está feita, quem sou eu para tentar mudá-la, não há razão nem ao menos para tentar...só tentar. Mas quem sou eu para me arriscar se até agora eu fui o reflexo? Eu nunca fui a pessoa do atos, eu era um plágio, sempre soube e nunca me orgulhei disso. Não orgulho de mim, muito menos dos meus atos, que ser humano seria capaz de ter dito tudo o que disse até alguns dias atrás? Espero enfim que se sinta melhor, pois eu, eu não sei se quem dita essas palavras agora sou eu, ou a metade que me falta.

sábado, 15 de agosto de 2009

O medo da perda da autonomia

Acordar às cinco da manhã, não parece acordar, parece fazer o sol nascer. E assim senti vendo o sol da janela. Digo, pensei sentir, pois não tinha sono, necessidade de cafeína ou pique para o dia. E o dia se passou como um vídeo-clip, um filme, uma fotografia que não era minha, era ali do outro lado, do espelho.

Eu era a narradora do dia, lendo as faces e suas expressões, eu era a observadora, de pouca fala, muito pensamento, eu escrevia em minha mente, me parecia em casa sentada em frente a um caderno aberto e não ali, naquele lugar.

A minha falta de resposta, para mim, era previsível. Eu sabia o que dizer, e como dizer, simplesmente não tinha vontade de fazer. Antes fosse que me forçasse a dizer, assim levando acreditar quem quer fosse que eu direcionasse. Poderia ser que eu me arrependesse, mas seria como eu estivesse anestesiada sensorialmente - a minha voz não é minha, as palavras não são minhas. Como só o meu corpo me pertencesse.

A verdade é que eu não sinto vontade, não sinto saudades, não sinto necessidade. Eu substituiria tanta coisa facilmente por qualquer outra coisa até uma pedra. E uma pedra seria menos chata que muitas pessoas. Eu vejo a vida como um filme. Eu só assisto e não sinto como se a história fosse minha, é só uma história e meu coração pulsa de qualquer forma.

Eu não reclamo do que acontecesse de errado pois sei que é passageiro, eu não tenho nostalgias de qualquer momento meu, se na hora eu sorri, foi naquela hora, não preciso mais sorrir por algo passado. E quando eu digo "eu te amo" me soa tão automático e mecânico que não sinto vontade de dizer, digo por que é isso que as pessoas gostam de ouvir. Eu preservo o amor, e acho que "eu te amo" só deve ser dito quando for verdadeiro. Para mim, só foi verdadeiro uma vez seriamente. Qualquer outra vez foi banalidade.

E tudo isso justifica porque eu digo que não sou uma boa pessoa. Pois tenho facilidade de esquecer quem passa na minha vida, pois sei substituir, pois finjo sentimentos e assumo isso (eu sei como eu deveria me sentir, eu sei o que eu deveria sentir, simplesmente não sinto), pois me sinto fosca, pois qualquer um poderia estar no meu lugar e eu continuaria sendo a observadora.

domingo, 9 de agosto de 2009

Abóbora

Eu me arrependo de muita coisa de ter dito, mas é capaz de você já ter visto pior, de mim talvez, mas do mundo, eu sei que você não é nenhum santo e por isso mesmo não vou pedir perdão ou absorção dos meus pecados, sendo eles para com, ou não, você.

Eu sei que errei contigo menina, mas quem somos nós, humanos, para julgar aos outros? Não vou apontar seus erros, assim como você não apontou os meus. Mas te peço, por favor, não fale de mim aos alheios de nós. Não quero desconhecidos pensando que sabem quem eu sou, sendo que sabem apenas meu nome.

Mas o pior agora, é o jeito que me olha, me dirige a palavra, como se nossa convivência agora fosse pura obrigação. Você me exclui dos seus planos presentes, e não faz questão de disfarçar. O que me resta então... Ser a melodia dos teus conceitos, e nem por isso recebo reconhecimento de nenhuma parte. Às vezes é legal ouvir um "obrigado", é estimulante.

Eu odeio me fazer de vítima, e tento não fazer. Mas do contrário ajo como vilã, não é a imagem que quero passar. Silencio minha voz então, e deixo que a escrita prevaleça...Assim posso manipular minhas palavras e parecer imparcial, ou qualquer personagem que queira interpretar.

No momento, quero te dizer que eu posso viver sem você. Posso mesmo, e não seria tão difícil assim, eu não precisaria mudar tanto, já que você quase nunca está presente. Mas mesmo assim, seria muito doloroso. Pensar em você e sentir remorso, e não sorrir.

Mas se até seu abraço, me parece indiferente, seu coração então à mim é alheio?! Se não sente orgulho de mi, e sim da minha descoberto, que sou para ti?! A pessoa que te trouxe a sorte grande?! E já que já tem a sorte, para que a pessoa...

Ah! Oras, lá vai meu sentimentalismo de novo, nem pareço a pessoa de hoje a tarde, desgostosa do mundo, séria e sóbria. Nem tão sóbria assim, digamos.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

As coisas que você sempre pensa em falar.

As coisas que você quer para sempre, eu nunca te prometi, pois sei que não sou capaz de me esforçar assim continuamente. Eu estou fìsica, emocional e psicologicamente exausta. As músicas, textos e poemas não surtem mais efeitos em mim. Eu não quero mais tentar, forçar algo em mim que nunca existiu. Nem as cores de seus olhares, o brilho do seu sorriso, e o frio que sente, me fará mudar de idéia.

Acho que ainda mereço ter um coração, embora ainda não preenchido, é nele que fluem todos meus versos. É dele que vem todos os refrões, que são apenas refrões, qualquer canção que você acreditava ser pra ti. Eu te disse tanta coisa de filme, para ver se as reações que vejo no mesmo, são de verdade na vida real. Você pôde relevar tanto erro meu, que eu continuaria cometendo, eu não me arrependo, mas você deveria, mesmo assim não faria. E eu enfim me perguntei, onde estou acertando? Porque todas as jogadas que eu faço, eventualmente "o rei é meu no momento". E eu nunca fui uma boa jogadora, indiferente da modalidade, até no xadrez oras...

Como se tudo que eu fizesse, precisasse ter um motivo, quando sorrio, tem que ter um porquê? Não basta apenas sorrir? Eu não sei explicar, então minto, veja só que contradição haha. Eu dizia que sim, quando pensava em não. Eu me entregava só para te agradar, e nunca, repito: nunca foi minha vontade estar ali, qualquer situação à sós. Eu pensei em outra pessoa, outro motivo, outra razão... me dava dor de cabeça. Será que não se perguntou por que eu nunca tinha respostas concretas para dar? Por que tanto dos meus rodeios? Por que eu me esquivava?

Nunca foi amor, apesar de que possa mudar. Pra que insistir ficar nesse lugar, se estou igual e não vou me dedicar a construir as fundações, se eu vou fugir como já fiz, antes mesmo de tudo acabar? Fingir que a culpa não é minha, meu peito vai doer e a consciência pesar, mas é temporário até tudo se apagar da minha mente.

O sol continuará sempre no céu, da mesma forma que você poderá sempre continuar. Sem mim. Eu não quero ser carregada, tenho minhas próprias pernas, assim como minha própria opinião, obrigada. E eu, não vou te evitar, se você souber aceitar.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Monólogo Direcionado

Eu não posso mentir, digo, posso, mas não quero, e não devo. De todos, aqueles cinco eram os mais bonitos. Me desliguei do mundo, da situação e das circunstâncias, esqueci o que era sobre mim. Meu coração palpitou. Sorri. E enfim, chegou minha hora e fui embora e naquele momento, chegando em casa, voltei a realidade. Oh meu Deus, o que eu fiz? Pois é a verdade, não são apenas frases : são fatos, eu vivi, eu vi, eu estava ali. E por que então somente no papel, aquilo era tão bonito? Em cinco páginas, aquela visão unilateral se tornou para mim, tão bela e absolutamente platônica. Aquela verdade nunca seria minha, por maior o esforço que fizesse.

Eu não posso fingir, ainda mais. Me esforçar. Eventualmente me arrepender. Fiz o que me acostumei a fazer : me calei. O silêncio, às vezes diz por si só, depende da interpretação de quem o presencia, por isso eu temo. Mas na verdade, eu já espero por más interpretações, e nem me importo mais. Mas, às vezes, se torna praticamente impossível não se irritar com certas interpretações. Pessoas que pensam te entender. Ah, Deus...

E sempre há as pessoas que vêm me lembrar da existência desse autor : não é coisa da minha cabeça ( antes fosse).Mas não é preciso, os fantasmas já fazem esse trabalho, assim como o ponteiro do relógio. O tic-tac me irrita, assim como essas pessoas. E eu não minto. Como já disse que não faria, no começo do texto.

Eu tento entender, se nem eu mesma me suporto por vezes, se eu mesma por vezes sinto asco de mim.
Os olhos que me acertam como flechada, e eu finjo não prestar atenção. Os olhos que se abaixam relutantes, e eu os vigio com devoção. Sorrio. Os olhos que querem que eu mude - certos comportamentos. Os olhos que me convencem, e eu tento. Oh Deus, juro que tento! Eu mudaria para melhor, se eu quisesse. Os olhos que me esperariam, se eu fosse verdadeira.

E eu, aqui, não minto, como já disse no mesmo.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

The Time 115

A chuva atrapalha, e embaralha meus pensamentos : perdi o foco. E eu acredito mesmo, é bem possível, que qualquer estranho possa assinar meu atestado de insanidade. Olha meu estado, andando por São Paulo, perdida de orientações, perguntando o caminho à um taxista - que fala um português bem estranho. E chove.

O que vim fazer mesmo? Foi bom conversar contigo, e saber que nem meu melhor amigo poderia ter dito melhor. Esqueci dos problemas, e foi estranho falar deles, enquanto meu cérebro processava informações do dia. E informações, não banalidades, conhecimento. Eu nunca havia feito aquele caminho na vida, me senti tão independente. Segura de mim. Mas apesar, chovia.

E nós, olha que engraçado, criticando o falso moralismo, eu acabei por cometer um. E nem percebi, acostumei com essa mentira : "Eu sei o que eu quero, o que eu gosto". Mentira, sei de nada. Nem sei que ônibus pegar, vou saber lá de mim? Oras....

"Vou te passar um telefone, vê se a procura..." Ah por favor! Eu preciso mesmo, não sei como lido com essa situação, que atitude a mais devo tomar. Ficar trancada em casa e não abrir mais a boca...Mas e essa sensação de hoje? Ah, eu me senti tão independente. Segura de mim. Mas apesar, chovia. E quando outrora terei a mesma sensação, pesar de escassa e limitada? E chuvosa também.

Eu queria dormir. Mas não consegui, a mente ainda processando, planejando, almejando tanta coisa... "Ah, tudo vai melhorar sim..." eu não parava de pensar, minha vida vai ser feliz! Parei antes de casa, e resolvi comer, a ansiedade passou. Eu me saciei com tão pouco. E eu já almejando isso para vida inteira, que pretensão a minha, há tantos cacos de vidro no caminho...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Cravo e Canela

Sobre o medo e outras coisas que eu não queria te contar :

Eu já tive minha dose de você, eu agora, não preciso mais. Mas é da inocência que eu abuso, e te levo assim, a crer, que eu não pretendia nada disso. Pois enfim, as consequências, eu não pretendia, assumo isso. Afinal, o que tenho a perder? Não ganhei nada além do que mereci.

Um brinde a nós, que de uma forma estranha nos completamos de alguma maneira, qualquer ela que seja. Eu só não quero você longe de mim, mas não tão próximo - a tentação. Você é tão maior em 3 meses do que eu sou em 6. E meu medo, é você tão maior, que eu não possa te alcançar, apesar de já ter tido minha dose de você, isso foi ontem.

Eu queria levar pedaços seus para casa, para cada momento um sorriso, um calor, um abraço, um olhar, que fosse sua respiração ou o branco dos seus olhos... Mas eu queria para mim, para evitar esse papel patético que interpreto de "eu não preciso de ninguém" mas a qualquer deslize eu já estou atrás de você.

Eu queria te encontrar em qualquer um. Nem que eu pagasse para isso. Mas minha sorte é tão infortúnia que dinheiro para mim, é passageiro.

O pior, é que demoraram anos para eu ter minha dose de você, e em apenas alguns segundos, é capaz de eu ter falado muito. Te assustei, meu bem? Meu sonho sempre foi te dizer " bom dia" e "boa noite" em um mesmo diálogo. E o que sobrou de ti para mim, foi um copo de cachaça. Cravo e Canela.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Chá com limão e reflexão.

Eu gostaria de dizer tanta coisa, e na hora sai tudo errado. Inferno. Você me interpreta errado, e eu acabo sempre sendo punida por fatos que poderiam ser evitados. Eu ando em ovos dentro da minha própria casa, onde eu deveria ter minha expressão de liberdade ilimitada.

Eu exercito minha paciência com frequência - até mais do que gostaria - mas essa virtude por vezes se esgota, e causo a guerra dando o primeiro tiro : no pé. Às vezes nem sei o motivo pelo qual carrego a arma carregada, não gosto de violência. Porém, para manter a calma - outra virtude que devo perseverar - distribuo socos pelo ar, não pretendo machucar nada nem ninguém.

E mesmo assim. É mesmo assim, a história que eu faço cair a cada passo meu, não está bem escrita, e minha subjetividade à cada segunda pessoa que eu dirijo, é mal interpretada por cada leitor. Se sentir diretamente afetado, é egocentrismo, achar que meu mundo é seu.

Meus dedos machucados e cansados de escrever, apagar, tocar, eu perco minhas digitais. Minha identidade: Quem eu sou? Serei futuramente um reflexo seu? Ou até seus? Oh Deus por favor, não permita! Acho que por isso até, que perco sempre a guerra de modo trágico, por não dar trégua e negar a onde e a quem pertenço. Não sou fiel a minhas origens.

Pretendo me reinventar e construir minhas bases com minhas mãos de qualquer modo, ser diferente e nova daquilo que fui ontem, ser melhor e maior.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Three Days Missing

A verdade é que eu não sinto vontade, não sinto saudades, não sinto necessidade. E a verdade é que eu só fui chorar no terceiro dia de ausência,[...] . Eu penso, e me convenço todos os dias que o meu raio de sol irá voltar. A brilhar, ah tão alto no céu. Eu acho que, se eu tivesse visto com meus próprios olhos, eu iria acreditar, e não acharia que é simplesmente uma brincadeira, que são os outros tentando me persuadir a algo que eu não quero.

A questão, não é você em si. E nunca será, entenda e aceite. Eu não sei, mas acho que consigo substituir de forma indolor as pessoas e seus valores. Para mim, é claro. Mas dessa vez é diferente, eu sei porque vou atrás, eu sei o porquê. Talvez porque você não seja (tão) humana (assim), é fácil me completar em você.

Ah raio de sol, quem te roubou de mim? Por que decidiu partir? Eu posso até compreender, que não queira ficar enclausurada aqui (sendo devastada pelo tédio e rotina assim como eu). Mas o que eu te fiz? A esperança em mim não se foi, eu sorri hoje quando sonhei. É bom não pensar que isso aconteceu.

É bom pensar, que quando eu chegar em casa - ah, besteira minha, eu não saio de casa - é bom pensar que quando você chegar em casa, você sorrirá para mim. Ah, serão lágrimas de felicidade.

terça-feira, 7 de julho de 2009

A essa dose.

Onde estão todos os segredos que você tem medo de contar? Ouça meu sussurro, assim você pode se ouvir.



E eu poderia ser qualquer coisa se você me quisesse aqui, eu consertaria qualquer pedaço seu, se você me deixasse perto. Sinto muito dizer isso. Mas você está quebrado, encare. Nem o céu mais azul, nem a estrela mais real, poderia deixar teu dia mais colorido. Seu sorriso se foi, e isso é o pior. E não foi à mim que você recorreu. E isso me faz pior.

Onde estão seus sonhos? Suas tardes na grama olhando nuvens, seus livros lidos e contados, seus filmes vistos e vividos. Ah eram tão puros seus olhares, dizeres e risadas. Eu gostava assim. Eu me importava ao máximo em continuar ser assim. Você pra mim, sorrir. Eu, a te fazer sorrir. Smile, even if your heart is aching...

Se lembra o dia, o mesmo no qual me revelei o pior, e você me disse "Eu te amo" ? Eu deitei e chorei, você não viu. Não é isso. Não. É só você sorrir, eu te fazer sorrir, somente paz e felicidade. Amor? Não por favor. Dos meus anos vividos, quatro foram os piores, a era da ilusão, amor, paixão : Platônico.

Eu prometi à mim, e ao mundo ao meu redor, não repetir essa dose, eu não repetirei esses quatro anos, e não permitirei que o façam por mim. Ainda, eu não escolhi um caminho. Me perdi. Você parece tão, tão seguro das suas escolhas. Mas ainda sim, o que te faz feliz?

Eu não sei mais, logo eu. Logo eu, que de nós, sempre tomei as decisões, que das estrelas, eu as sabia de cor, que de você, ah você....

Não percebe as minhas cartas? Declarações e depoimentos, todos com fragmentos seus? Eu não sei mais quem sou, quem me pertece, e os sonhos, quais são meus? E os fantasiados? E os seus, que cumpro-os somente para te fazer satisfeito.

De todos os refrões, versos, pontes, solos, essa é a sinfonia menos ensaiada, a da nossa existência teatral, melódica e dramática. O que o músico não faz a seu maestro?

sábado, 4 de julho de 2009

Antes da vida nos desapegar.

Can I hold you one last time? To fight this feeling that is growing in my mind/ I know I did us both all wrong/ I know I'm not always all that strong

Me diz agora quem eu sou? Com os pés plantados no chão do centro da cidade sem saber reagir, e anjo... quem tu és? E como sabes de mim? Há quanto tempo eu não o vejo e não sinto o desejo de ficar ali... We were lovers in every way e todos os dias.

E agora eu quero ir embora e fujo da realidade que me injetam como sonho, não obrigada, prefiro dormir até às duas da tarde e voltar a me deitar às sete da noite. Alheia à tudo. À todos, à pensamentos, sentimentos e desejos. E como então pode meu coração bater por outro que é alheio ao mesmo?

Vou tomar um banho gelado, um gole de chá com limão, ouvir uma música e inventar histórias, rir sozinha das piadas que eu invento, e discutir política com a televisão( a única verdade), sorrir para o vidro, fazer caretas ao espelho, e imaginar um corte de cabelo. Mas não vou me dar o trabalho de sair de casa, ah não...

Vou tomar umas pílulas e ir dormir, dormir... com a cabeça rodando de tantos anti-inflamatórios e a saudade de quem agora está há uma semana longe de mim, alguns quilômetros de distância... mandarei uma mensagem. Mais tarde.

E o propósito de hoje se esvairou, um brilho que não existe mais, vou me deixar cair em tentação. Fugir? Claro que não(!). Fingir. Aquele descuido, que não foi acidental.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Texto de Quarta-Feira.

Não é porque eu não diga, queira dizer que eu não sinta. Eu sinto e quero dizer, e sabes disso. Nem que seja por cartas, olhares profundos, diretos ou distantes, textos, metáforas e hipóteses...


Tão estranho agora eu não conseguir mais me fantasiar pateticamente de ti, imaginando-te aqui, tua fala aqui, tuas palavras à mim. Deve ser a distância, que agora somente te encontro em trechos de poesias, artes, músicas e fotos, nada material, nada 3D, nada de carne, osso, ritmo, coração e calor. Minhas dores agora não são pequenas,grandes ou existentes: são constantes. E após tanto tempo sem chorar, não sei se é capaz...deixa para lá.

Eu não quero mais conservar o coração, ah eu já escrevi tanto para ti, por ti, sobre ti, não vês? Não percebes? Que tudo meu, é teu, entrego à ti. E por que, agora, sempre que vejo algo teu em qualquer outro lugar, sinto vontade de chorar, sinto ciúmes (pois sempre soube que aquilo tudo é meu), sinto raiva(de mim) ?

E sempre quando somos nós, sinto vontade de parar o momento em uma fotografia, em um vídeo, em uma vida eterna nossa. Lembra-te dos planos? lembra de matacavalos? Éramos dous criançoulos ... agora, não é momento para Machado de Assis, mas não pude evitar a citação.

E por que és tão seguro que estarei sempre aqui? Sabe... mudaste tanto desde quando éramos dous criançoulos . Foi uma mudança...drástica? Não te preocupas mais com os outros? Nunca te vi egoísta... Que eu me lembre, sempre dedicado, sempe atento, sempre espontâneo, sempre.

Sempre, outra palavra que devo excluir do meu vocabulário? Pois sempre senti necessidade de juntá-la a outras três que costumam(vam) ser tão comuns aqui. Ainda há de ser, mas o ouvido desacostuma a ouvi-las com a mesma frequência.

Ah! Oras Nara Lúcia, deixa disso, deixa o passado ser passado. Construa teu futuro nas bases do presente. Mas como faço então, se quero que meu presente seja o passado que nunca desejei ter se dissipado? Fico até con vergonha de mim, em admitir que no momento sou uma emergência, uma urgência, afogando no alagamento que causei.

Queria dançar contigo, lembra-te das valsas? Ou mesmo refrões de bolero ["seus lábios são labirintos, ana..." ]. Eu vou crescer e morrer. E a lembrança como ficará se não houver meio de te guardar? Para sempre meu, pequeno príncipe. Garanta à mim, prometa-me, que não haverá volta, já que nunca partirás.

Que belo dia!

Antes, existia um presente que seria para sempre imutável, constante e duradouro. Hoje, existe um passado melodramático e que não me pertence mais como lembrança... Como se tivesse passado mudo. Como uma sombra, no palco, projetada pelos flashes, graças à inconstância e intermitência da luz. Tem tudo a ver com luz, as cores são luz, os olhos são luz. O passado que era luz.

Hoje já vejo as luzes conforme as estações passam, no verão as garotas são tão mais bonitas, assim como os garotos são no inverno. Na primavera e no outono, o que me importa são as flores, e isso nunca vai mudar. O que mudou foi: o que eu considerava ser para sempre, agora só será se eu arrastá-lo para frente comigo. Pois o caminho que era único e certeiro, se divide em mais de uma saída.

Mas eu não sinto vontade, meus finais de semana não são os mesmos e eu passo alheia às luzes da noite, as quais eu sempre vi, e suas cores eram em mim fixadas. Mas à noite, as luzes são o cenário, e o cenário pouco me importa, o que me importa são os protagonistas e figurantes, os quais eu somente leio-os durante a semana. Mas então já é passado.

As sextas-feiras passam como minutos, e eu insisto em agarrá-los e torná-los infinitos, mas é claro, só na imaginação. E os sábados são domingos, e os domingos são segundas. Que belo dia. Um péssimo dia.

Eu não sinto vontade de continuar, e continuo por condução, toda vez que sigo em frente, algo me fere na memória, sinto como se gostasse de me machucar, de me quebrar, e o sorriso? Sempre sorrindo. Seriedade e graça...não combinam e eu tento ao máximo. Para você não me perguntar, para eu não insistir.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Girassol

E todo dia, eu ia brincar e construía um castelo de areia. Cada dia era diferente, uma torre maior que a outra, o telhado reto, uma folhinha no meio... mas todos caiam, talvez o alicerce era fraco. Ou o vento mais forte que minha vontade...

Um dia porém, eu me surpreendi. Construi o castelo mais alto, mais resistente, e mais bonito que já havia feito.Estava com tanto medo que o vento o levasse. Construi então a sua volta um cercadinho com gravetos. E as crianças invejosas da vizinhança? Escrevi em uma folha :

NÃO ULTRAPASSAR O CERCADINHO, NÃO BRINCAR COM O CASTELINHO
Pendurei no cercadinho... E se chover? Não tive tempo de pensar nisso, minha mãe me chamava para a janta. Ao ver no jardim o castelinho, mamãe achou bonito, mas disse que não havia espaço para ele ali, eu pedi que por favor não o derrubasse, pois no dia seguinte queria mostrá-lo as minhas amigas, o que era mentira, eu não queria dividir ele com mais ninguém. Papai viu e gostou, gostou que ficasse lá. Mamãe acha que eu brinco demais, papai acha que brincar é bom.
No dia seguinte fiquei satisfeita -aliviada aliás - que ele ainda estivesse intacto. Decidi nomeá-lo, seria então chamado : Girassol. O meu reino Girassol. Meu reino de areia. Coloquei nele cinco bonequinhos meus, e nomeei-os também, cada qual com sua coroa e importância no castelo. Todos mandavam e desmandavam, mas um, um deles se sobressaía, deixei-o na torre mais alta e mais bonita - a qual ficava a bandeira do reino. E a minha bonequinha mais bonita, com a coroa mais bonita ficava mais a frente, protegida por duas outras torres - nas quais ficavam, em cada,
um bonequinho com a mesma função e importância. Atrás das torres ficava o último bonequinho, lindo, porém mais fraco, por isso atrás, para ser protegido.
Todo dia eu pensava em algo novo para meu castelinho, não!, meu reino, o meu reino. Uma fitinha, uns tijolinhos...Era tão lindo, eu sonhava com o reino... Meu sonho de areia.
Mas a cada dia, ele se desmanchava um pouco, era tão frustrante. Eu o montava e remontava, apoiava-os com palitos, gravetos, peças de outros brinquedos. Mamãe não gostava que eu levasse todos meus brinquedos para fora, brincar com o castelinho de areia. Eu retrucava dizendo que precisa proteger meu reino . Mamãe dizia que eu sonhava demais, papai dizia que sonhar é bom.
Ele era tão frágil, tão... de areia. Um dia mamãe tentou varrê-lo, quando vi, eu briguei muito com ela, mas uma parte, a que ficava o bonequinho mais lindo, caiu, ele, por ser mais fraco, "morreu" ali. Fiquei triste, mas decidi continuar com os outros quatro...Mas não era a mesma coisa, meu coração parecia bater cada vez mais fraco pelo castelinho... Agora era apenas um castelinho.
Passei a brincar com ele apenas uma vez por semana, duas vezes por mês...até a chuva levá-lo.
Eu mantive os bonequinhos e suas coroas sujas de areias, vestígios do meu reino, eu brinco, eu converso com eles, eu conto a história do meu reino, do meu coração que se via no reino, na minha fantasia que ele não apenas reinasse, imperasse. Na minha vida... não passou de um sonho. Um sonho de areia. Mamãe diz que me frustro demais, e eu acho que ela pode estar certa.
Mas sabe, de todos os sonhos de areia que eu tive, este foi definitivamente o que mais me fez feliz.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Em uma sexta-feira treze

Hoje eu te ignorei. Me senti péssima, e meio sem jeito fui te pedir desculpas - não é que quase consigo um beijo? - eu gaguejei. Nessa hora, como explicar os motivos? Meus motivos para serem plausíveis? Eu não sei...
Só sei que meus olhos se encheram de água quando me pediu para ficar, e me perguntou porque eu estava agindo dessa forma. Eu te ignorei. Você não veio atrás. E me senti péssima.
Eu fui atrás de você, ver se você queria falar comigo. E dei de cara no muro. Voltei em mim, isso não foi bom. Percebi que por opção me distanciava, como se aquilo fosse aliviar alguma coisa. E a vontade de te abraçar? Não movi um dedo... Posso me orgulhar disso?
Você estava apenas no seu lugar de ingenuidade e áurea transparente, e eu te ignorei por isso ontem. E hoje. Perguntei se havia algo que quisesse falar comigo. Não insisti.
Nunca soube que um não poderia estar travestido em tantas formas de respostas diferentes, eu não me senti rejeitada. Eu te ignorei, porém.

Eu não sei o ponto que separa o certo do errado, e ando sempre receiosa de que posso dizer, ou fazer, algo que não deveria[...] E acabo deixando tudo apenas na idéia [...] idéias sem braço (pois não te alcançam), idéias sem pernas (pois não te seguem), idéias sem voz (pois não te atingem). Apenas idéias.
Fantasio até demais, mas sei ao menos que meus olhos não me enganam, você está ali, na minha frente, de carne, ossos e um pedido - qualquer pedido - que não tenho coragem de recusar, mas ajo como se não quisesse nada e acabo cedendo. Ocorre que eu não quero me separar dessa realidade encarnada em sonho.
Exatamente. Realidade encarnada em sonho. Entende agora, o receio de não saber quando uma coisa termina e a outra começa? Temo que devo medir cada palavra, cada ato, cada pedido. Mas como à mim liberdade é concebida, torna-se um tanto - apenas pouco, bem pouco- mais fácil para ambos os lados.
Acredito eu, que nesse jogo, não sou a única pisando em cacos de vidro. Sei da minha parte, mas o que me sobra - e como sobra- de racionalidade, me permite perceber que certas ações são premetidadas...Ah eu só lamento...
Será o perdão cabível caso eu decida... ah, até a decisão...

terça-feira, 9 de junho de 2009

O ruído, a droga e a tontura

Com a boca seca e um suspiro, acordei de repente, como em cena de filme, sentei-me na cama com os olhos abertos. Me levantei, e senti o frio do chão com meus pés descalços, sem conseguir respirar ditamente, dirigi-me a cozinha a fim de tomar água. A água gelada descia pela minha garganta inflamada e fechada. Machucava. Voltei a me deitar, pela terceira vez na noite, e não consegui dormir tranquilamente.

O ar parecia estar muito ocupado com algo mais interessante ao que invadir meus pulmões, que inflavam na tentativa de suprir oxigênio. Em vão. Tentei diversas vezes, abri a janela do quarto, o céu estava um pouco já mais claro, e frio que doía até os ossos. Me rendi então a medicina moderna : rumo ao hospital.

Conhecia todo o esquema do local, movi-me vagarosamente pois me cansava e me doía a face a cada movimento brusco. Sentei-me à esperar o médico chamar. Mais uma vez ouço meu nome errado, mas me acostumei, o importante é a dor passar.

Ouvi o diagnóstico como um apaixonado ouve seu poema favorito (que mesmo em face de maior encanto/ Dele se encante mais meu pensamento...) de cor, e repetindo silenciosamente, para mim, o que ouvia. Dirigiram me então, para a enfermagem e já sabia o que me esperava.

A agulha, o espanto, o ruído, a droga, a tontura, o palpitar, o silêncio... o ruído, a droga, a tontura, o aceleramento, o silêncio... enfim o ar.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Os dias e cores

May, 25th, 2009

É estranho saber que, enquanto seu dia foi lilás o de outra pessoa foi verde musgo. Hoje, eu acordei tão feliz, tão bem disposta, talvez porque eu não acordei as 6 da manhã como de costume, acordei mais tarde e entrei só na segunda aula, na qual recebi uma boa notícia sobre minha nota.

Passei esse dia me sentindo tão bem. Oh, ela me fez sentir bem. Especial. Eu já estava bem e só parecia melhor meu dia. Ah cheguei em casa e esse lilás se tornou mais intenso apenas, ah que sorriso enorme eu abri.

Mas a minha integridade não me permite passar em branco pelo dia dos outros, ainda mais agora. Meu lilás está tão distante desse verde musgo, como isso foi acontecer? Meu lilás deveria ser lilás para ambos, para todos, para nós. Tudo bem então,já que meu dia foi lilás, aquele verde poderia ser ao menos água, não?

Não. Não é assim. Aquele dia, aquelas palavras foram verde musgo, e aquele outro dia, aquelas outras palavras, aquele outro beijo, foi azul petróleo. Será que não sou eu que me lembro? Meu dia não deveria ter sido lilás, devido às circunstâncias.

Pela soma: um dia azul petróleo, um marrom derretido, um rosa salmão, essa soma não é igual a lilás e verde musgo. Essa soma não é igual.

Oh, como isso foi acontecer? Nossos sonhos nunca se separavam, nosso céu foi sempre o mesmo, nossas mãos sempre tão juntas e os lábios que se liam sem ao meus falar. Foi em agosto, eu acho que me lembram, e bem que me avisaram e eu não quis acreditar.

Eu não acredito. O céu será sempre nosso, os sonhos serão sempre intactos, e mesmo com tuas mãos longe das minhas e teus lábios calados, eu decifrarei cada gesto teu e pintarei o dia conforme teu sorriso. E mesmo sem aquarela, eu pintarei quadros com palavras e te venerarei com olhares.

Para que todo dia uma luz se acenda, para que todo sacrifico meu, seja revertido em amores seus
.
"ever thine ever mine ever ours"

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Implorando por desistência

"Você? Pra mim não. Não é mais o mesmo, muito menos o melhor. Quem são todos aqueles? Errantes que te acompanham. Se antes contava seus passos de cor, hoje não sei mais por onde anda.

Não recorra a Deus para me convencer que este é o caminho a seguir. Não estou bem onde estou, e não importa o lugar, aonde quer que eu vá. [Não consegui chorar por ti.] As risadas, sorrisos e piadas - todas ocas, sem sentido e conteúdo - preenchem que a falta que se faz (dentro de mim). Um quarto vazio, faz tanto barulho... "

...Silêncio, eu gosto do silêncio apesar d'ele te constranger. Sobra sensibilidade para os outros quatro sentidos -tal como a visão - já que a audição não tem o que absorver. As cores são mais vivas, e apesar de que elas cansam minha vista facilmente (constantemente com dor de cabeça). Me asseguro, então, no pardo, amarelo, salmão e verde oliva.... São cores que me acalmam e distanciam meu pensamento qualquer que seja (sobre você).

E não é dificil manter minha mente vazia já que ando tão cansada, e me esforço para ficar mais cansada, até que em minha mente não passe mais nenhum pensamento (sujo). E me esforço para ficar exausta.

"* A gente tenta, e pula o mais alto que pode, fecha os olhos, e tenta esquecer...a respiração se torna insuficiente para o tanto que seu coração bate (a ponto de doa) que você possa ouvi-lo, mas tudo vale, você continua, e continua... e chega uma hora, inevitável. Você cai.
* Mesmo com o cansaço, você tenta de novo, você corre, sente sede e fadiga. As dores já não são incômodo, você sente seu coração no pescoço já, e ele salta, como querendo ser vomitado, e você o vomita. E de joelhos você reza por forças pra continuar. Ou implora por desistência.
* Você não se pode dar ao luxo de parar, você levanta com muito esforço, você não consegue pensar direito, você não consegue falar, seu fígado dói, seu pulmão empurra contra suas costelas, suas veias fazem em seu corpo um relevo, sua mão não se fecha mais. Você engole seco, e ele volta a bater desesperadamente, seus olhos entreabertos soltam uma lágrima que passa despercebida pelo suor, você não ouve mais nada,e continua, você salta o tanto que seu corpo permite, você corre o tanto que seus músculos se contraem, você respira o tanto que não dói, seu coração bate o tanto que é necessário pra te deixar vivo.
* E você pára só quando não se lembrar de mais nada, só pára quando não sentir mais nada, não sentir dor, mal-estar, sede...só pára quando sua fraqueza não permite pensar, nem sonhar. "

E eu só paro quando nem seu nome eu consigo pronunciar.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Pleasures I deny

Oh fucking hollow heart, who made you this way? You were not supposed to be empty. Oh my hollow heart, why do you have to brake other hearts? Can't you see that you're only hurting the ones around me, and that makes me feel a terrible person. Oh empty, emotionless, sick, miserable heart...

What's the pleasure about all this? Does that makes you feel good? Does that makes you stronger? i'd die for a chance to fall in love, and oh God, I had this chance in hands. Only God knows how thankful and glad I was to have this chance, and you broke it. You throught it away.

And I tell you my friend, it was not the first time you did this. Everytime you waste a chance, I only get closer to madness.

"Don't you have a heart? Don't you feel anything there, inside of you?"

Oh it hurts evertytime I hear these questions, the same questions.

Oh hollow heart please leave this body, let me live. Let me.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Árvore oca.

O dia estava amarelo. Aquele dia estava. Apesar de, ao amanhecer, ele parecer um pouco verde água, ao longo mudou para amarelo. Pelo menos durante a parte da manhã, quis eu assim pensar.

Passei bem minhas horas amarelas durante a manhã. Até que, em um dos poucos momentos azuis do meu dia, um sinal me pôs de volta ao chão -cinza. Meus planos pro meu dia amarelo saíram do curso, Tive então que seguir um trilho esfumaçado ao caminho de casa.

Quando cheguei em casa meu dia já estava pardo, e foi escurecendo e derretendo. Meu apetite se foi, e parecia que eu mastigava pedras e dejetos durante o almoço. Peguei uma fruta ácida para tentar espantar essa sensação. Não. Só aumentou Conforme o gosto ácido descia minha garganta, desciam também as palavras, repetidas apesar, ácidas para meus ouvidos. Pareciam perfurar lentamente meus tímpanos e ir rasgando sadicamente meu orgulho. Ah e meu orgulho é grande...

Meu dia já estava, a esse ponto, em gravidade zero, marrom poluido, derretido e lento. Eu, cansada de ter ouvido tudo o que já pude decorar, apenas acenava a cabeça concordando ou discordando. Eu não me ajoelharia, o que esperado, para pedir desculpas. Não, o meu orgulho é muito grande. As frases irônicas não hesitavam em sair, atropelando minhas lágrimas e todo o resto. "Eu não tenho amigos não é mesmo? HAHAHAHA."

Até que então, devo admitir, veio o golpe de mestre. Parecia até ser planejado, pois serviu tão bem ao momento (eu de cabeça erguida, ferida, com os olhos encharcados, mas sem chorar, nunca chorar). E lá veio, como uma espada certeira "Você não tem sentimentos?" eu me virei lentamente, minhas pupilas dilatadas começaram a voltar ao normal, minha expressão parecia dizer "Como você disse?" e veio mais uma vez, mais forte agora, "Você não tem sentimentos ai dentro?"

Eu quis chorar, mas sabia que seria fingimento. Na hora, realmente, eu não sentia nada. Remorso algum, nunca(!). Meu dia escuro abria umas frestinhas de luz, era minha chance. Falei. Desabei. Desmoronei. Me desarmei. Foi tudo controlado, contado, calculado, passo por passo. Manipulei.

Minha intenção não era ganhar o jogo, era perder propositalmente, pois para mim, seria um empate, que consequentemente levará a minha vitória futuramente. Meu dia já não era mais amarelo, era agora laranja. Ficou assim até o anoitecer.

Mas aquilo, me doeu. Doeu. Pois sei que é, talvez em partes, verdade. "Você não tem sentimentos ai dentro?" Ai dentro... Aqui dentro é oco por acaso?
"Aja menos com a razão, e mais com o coração viu? Me dá um abraço..." Razão? O que eu fiz não foi sentimental o suficiente para você?

É oco por acaso? Ele bate por qual motivo então?

domingo, 17 de maio de 2009

Explicações

Devido à dúvidas e questões que andaram surgindo (como se já não bastassem as minhas próprias) em relação a veracidade dos meus textos, escrevo para dar, enfim, uma explicação. Escrevo de acordo com o que estou passando, sentindo, ou vendo no momento. Isso não quer dizer que escrevo fielmente a realidade. Mas também não significa que minto. Ah, sim, eu minto. E bastante.

Escrevo baseando-me em fatos reais. Sabe, quando você pega um filme na locadora e na capa está escrito Baseado em fatos reais, pois então amigos, faço o mesmo. Baseio-me em pessoas reais, frases reais, dias reais, e afins. E a partir de então, crio, fantasio lugares, personagens, situações, amores e corações.

Ah, e em relação a me inspirar em pessoas reais, não quer dizer que escrevo para alguma pessoa específica, e sim que me inspiro nela para escrever algo. Meus textos nunca, ou raramente são dirigidos a uma pessoa especificamente. Então, não se sinta especial demais, meu amigo. Pois eu me apego a pequenos detalhes nas pessoas, e assim escrevo. Me apego a olhares, sorrisos, abraços, palavras, flores e cartas.

Isso só quer dizer que algo em você me chamou a atenção. A sinceridade do seu sorriso, a segurança do seu abraço, a força das suas palavras, a cor dos seus olhos. Tudo isso me fascina, seres humanos, convenhamos, são fascinantes.

Me inspiro, mais além aliás, na ficção. Oras em filmes, fotografias, como em livros, músicas e peças teatrais por que não? E quem sou eu pra te esquecer, menino precioso?
Tudo isso me atrai. Tudo isso é um mundo paralelo que se completa tão bem.

E eu gosto de encaixá-los, como um quebra cabeça confuso quem sabe, intercalando com o que é real ou não. Com o que eu sonhei e com o que eu vivi. Faço metáforas, hipotéses sobre o que é ou não verdade. E ai então surgem, como sempre, minhas perguntas. Oh Senhor, eu e minhas dúvidas. Não sei se são necessárias, mas de qualquer forma elas existem e são expostas.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Estrelas de plástico

Fui me deitar mais cedo do que de costume, mas de nada adiantou, pois fiquei rolando naquela cama até a hora que costumo normalmente pegar no sono - isto é, até mais ou menos uma ou duas da manhã . Quando adormeci, estava em uma posição, conhecida por ser como os defuntos ficam no caixão, quando acordei estava na mesma posição.

Antes de dormir, lembro que olhava as estrelinhas de néon que ficam no teto do meu quarto - deixam a noite menos escura - e quando dormi, e comecei a sonhar, sonhei com uma claridade, não sei se por influência do néon, mas enfim...

Era uma luzinha suave, nada como " a luz no fim do túnel", era bem suave mesmo, e no sonho eu estava sentada em um banco de praça branco, aliás eu estava em uma praça com árvores ao redor, e o dia estava agradável: outono, uma brisa levemente fria e o sol amarelo em um céu azul claro com poucas nuvens brancas, bem brancas.

E então que viro para o meu lado esquerdo e o vejo parado, engraçado que não o ouvi chegar, e nem o senti. Ele estava tão estupidamente lindo. Sua pele tão clara, limpa, e aparentemente macia, seus olhos castanhos claros e seu sorriso meigo, eram tão convidativos. Eu quis dizer "como você está lindo" mas parei apenas no olá.

Sentou ao meu lado. E eu sorri. Sua camiseta preta, desbotada apesar, destacavam ainda mais seu tom de pele. Meu Deus, como ele cheirava bem. Ele perguntou como eu estava, e eu me surpreendi com aquele tom de voz, suave e grave, tão maduro e seguro de si. Eu disse apenas "estou".

Eu não resisti e segurei sua mão ao conversarmos, brinquei com seus dedos e passei a mão no seu cabelo arrumado e mais claro por causa da luz do sol, eu o observava tão atentamente, não me segurei em olhar apenas para aqueles olhos, eu queria percorrer-lo inteiro, decorar cada traço seu. O que não foi difícil. Quis ouvir seu coração, mas me conti para não deitar-me nele, coloquei cuidadosamente minha mão no seu peito, senti seu calor e consequentemente as batidas do coração. Parecia tão harmonioso e em sintonia com o exterior. Não me era alheio. E em apenas 15 segundos eu já sabia qual era sua frequência.

Lembrei-me enfim, que aquela não era a única vez que desejei que todos os dias fossem assim. Sem preocupações excessivas - a única, seria se seu coração bate verdadeiramente. Eu sorri.

Até que já eram seis horas da manhã e eu ouvi o despertador do quarto ao lado, fingi que não ouvi e me segurei ao sonho. Enfim meu pai abre a porta e me chama. Eu digo "É um desperdício acordar cedo em uma sexta-feira para ir à escola".

domingo, 10 de maio de 2009

O que eu não consigo te falar

Realmente você não é o mesmo e isso me assusta. Fico com receio de me aproximar, e de qual será sua reação. Eu não sei, deve ser carência, falta sua, saudades, mas estou assim. Com vontade de chorar ao tentar decifrar teus olhares e palavras, pra mim, agora, elas não fazem o menor sentido. Antes era tudo tão claro, como água.

Sei lá, do seu lado, você vê tantas coisas a mais entre eu e você, que eu não enxergo, deve ser a miopia, mas é só uma desculpa que eu arranjo pra continuar aqui. Eu não quero estar aqui, já te disse isso? A verdade é que não acho nenhum lugar onde eu queira estar no momento.

Eu não sei, deve ser carência, falta sua, saudades, mas estou assim. Com medo e receio de dar um passo em falso e cair em uma armadilha, de procurar em outro lugar minha satisfação. Medo de sair e dar errado, e permaneço em um lugar que eu sei que é errado.

A verdade é que eu ando tão afastada, assustada, presa e controlada. Isso me desanima tanto, não ter o poder de usar meus próprios punhos para me defender, e todos ao redor me sufocam, me pressionam pra ser algo a mais, e eu não tenho, em mãos, esse poder de decisão.

Você está tão livre, tão seguro de si... Será que sente falta? Ah eu me pergunto. Oh Senhor, eu e minhas dúvidas. Pensei em te ligar e reservar um dia para nós conversarmos, mas ai, eu estaria declarando meu desespero. Pensei em tantas coisas pra te dizer, sem esperar nada em troca, mas nunca fui boa com frases de efeito.

E eu demoro tanto pra tomar uma decisão, ah isso me frustra. Meus planos para o futuro, mesmo próximo, nunca se concluem, muitas vezes nem começam...Ah, e com você não está sendo diferente, mas até que posso me orgulhar por ter feito durar, foram quantos anos mesmo? Perco a conta, pois parece que você sempre pertenceu à este lugarzinho, ao meu lado, na minha vida. Estive tão feliz.

Pedir pra você desistir, você cumprirá? Oh meu Deus, por que penso nisso? Eu não sei, deve ser carência, falta sua, saudades, mas estou assim. Pensando e dizendo coisas que sequer deveriam se passar na minha cabeça.

Eu não sei, deve ser carência, falta sua, saudades, mas estou assim. Assim como sempre estive.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Suas Borboletas

Eu sinto demais, ou sinto de menos, a única certeza é que não é recíproco. Oh, Deus, será que um dia foi? Será que eu, um dia, fui capaz de retribuir? Será que eu retribuí da forma como deveria de ser? Eu nunca sei ser capaz, não sou capaz de saber. Eu não sei.

Oh, Deus, eu e minhas dúvidas, mais uma vez, o Senhor, penso eu, deve irritar-se comigo, ora pois, mal frequento tua morada, mas o encho de pedidos e perguntas... Pelo menos, à mim, iria irritar.

Pois veja só, de manhã, apesar da neblina, o dia, para mim, estava tão azul, tão vivo, quente, alegre e cantante. Após algumas horas, apesar do céu aberto, o dia, para mim, estava tão cinza, pesado, arrastado...

Os personagens que compuseram minha sexta-feira foram os mesmos, porém, ao passar das transitórias horas, os semblantes estavam diferente. Os sorrisos não me faziam sorrir. Me decepcionei, comigo, obviamente. Eu implorei, sem palavras, por um abraço. E consegui.

E nesse abraço, nesse tempo, no meu dia cinza de horas pesadas, eu pude ver o céu se dividindo, entre o cinza e o azul, e o tempo apressado, parou pra descansar. Eu encostei minha cabeça e respirei, suspirei, e voltei. Me afastei.

Me afastei e permaneci até que meu dia voltasse a ser cinza. Mas até então, me deu uma dor de cabeça, carência, e saudades. Ah, a saudades me trouxe dúvidas também. Mas se torna tão redundante, pois é sobre a mesma reciprocidade. Bem, não a mesma do começo do texto.

A reciprocidade que me acompanhava há anos, e agora, eu não tenho mais certeza. Só da intensidade. Eu sei que é intenso, e imensurável, da minha parte. Da outra parte, eu não posso dizer, já que não sou quem sente, "quem é você pra me dizer que sente o mesmo sem ao menos ser quem sou? "

Oh céus, preciso de um analista. Alguém que não tenha sentimentos por mim, e nem me conheça parcial, ou completamente.

Oh céus, preciso eu, parar de apelar a outros para resolverem meus problemas. Mas uma dica, de vez em quando, não iria fazer mal algum.

Mas o meu maior medo porém, não é de não ser recíproco, é de eu magoar alguém.

A última coisa que eu quero, magoar alguém.