segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Amalma.

Tenho um amor que não é meu,
que tem um amor que não me cabe,
tenho um amor que não me ama a alma,
tenho um amor que é todo amável e pouco amado.

Tenho um amor que é assim,
as vezes de dentro pra fora,
(muitas vezes de dentro pra fora)
as vezes de fora pra dentro.
As vezes me pula o peito,
as vezes se engole todo,
reprime meus ossos todos e engole meu tórax.

As vezes por um fio de vida,
se arrisca lá fora,
preso ainda aqui, no coração,
e volta todo covarde,
todo doído,
todo maltratado,
vira-lata.

As vezes me ama,
-um pouco-
me enche todo o orgulho,
sorri todo narciso,
dilata toda as pupilas
-menina dos olhos-
mas logo murcha,
balão de festa infantil,
rugas mornas molhadas,
coroa de flores.

Tem um amor que me faz parte,
é de dentro pra fora,
me arde.
Tenho um amor que é de alma.

domingo, 30 de outubro de 2011

Sede.

É muito sal pra pouco mar.

Palhaço inseguro é palhaço sem graça

Só me sentirei segura ao lado seu.
Enquanto isso não acontece,
eu sou isso aqui que sou
as vezes pra lá, as vezes pra cá
nunca no centro, sequer centrada
ou equilibrada.
É corda bamba e frouxa à vinte metros do chão.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Os jornais velhos e dia de mudança

Eu tenho uma nova
notícia, menina dos meus olhos
Você, que já é velha
conhecida minha, e da minha vida
bem sabe dos meus amores
tremores e terrores.

Menina dos meus olhos,
menina minha
Que vê o que eu vejo,
mas não sente o que eu sinto.
O café é preto
e o leite é branco
Um, eu gosto amargo
o outro, puro.

Puro, coração de criança
-nem tão pura assim-
meu eu vulgar.
Traiu meus olhos, meu toque
seu toque, meus lábios, seu beijo
meu corpo
coisa
corpo.

Eu tenho uma notícia,
menina dos meus olhos, notícia
é nova como cheiro do café a cada manhã
mas a água já estava fervida,
e o café colhido, e torrado, e moído.
É nova, é notícia.

Onde vivo não é meu lar
mais...
O conforto nostálgico eu acho,
no futuro comum
como dois e dois, são dois-dois.
O passado que era certo,
é dúvida hoje,
o hoje é dúvida hoje.

Meu conforto
minha vida, meu minha, minha...
não são daqui.
Eu estou mudando,
mudando meu corpo
meu físico.
Encontrar meu espírito
meu metafísico

Eis a notícia,
menina dos meus olhos,
menina minha,
menina
estou indo embora.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Se não for, o que seria ?

Perguntaram-me assim :
" No que inspira tua poesia?"
Oras, no que seria
Se não fosse na vida?

Não a minha, mas a vida.
A alma e o espírito
resumem-se somente
- e tão somente -
em arte.
A Arte.

A arte dos sentimentos e a arte das ciências.
Sim, a arte.

Pensar números é tão arte
quanto pensar palavras,
ou tons, ou cores,
ou olhares, ou tremores,
e temores.

Pensar é sentir.
E sentir é mais profundo que só pensar.
Quem pensa, sente,
mas quem sente,
quem verdadeiramente sente,
vai além.

Então, o que seria a vida,
se não fosse Arte?