domingo, 16 de setembro de 2012

Setembro

Amanheço cada ve mais tarde
O que fui ontem não reconhece o hoje
Amanhã me desconstruo,
e serei novamente o intervalo entre a pretensão do real
a fantasia de carnaval.

Em minha figura poética, sou imagem
A hipérbole, o hipérbato, a metáfora, anáfora,
o sarcasmo nanquim de Deus.
Sou essencialmente o tom, nunca a cor.

Não me conheço,
não sei me apresenta como algo além do visível.
-Eu sei que vejo, mas não vejo que sei.

A pausa,
entre o primeiro e o segundo ato.
Perdida a partitura,
a música continua sem o solista.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Identidade Falsa

Engoli um copo de mágoa com a sede de um gole de vida.
Sorri falsamente a saciedade,
enquanto mergulhava profundissimamente
meus olhos fechados num beijo,
eu me apaixonei com os olhos abertos.

Na desilusão em que vivi do outro lado do espelho,
desaprendi a enxergar meus maiores defeitos verdadeiros como são;
essa sensibilidade inerente,
de sentir o sabor do céu, ouvir  o som das cores, e tatear a tinta da poesia
sou criança pobre,
com pés descalços no parque
saboreando um pedaço açucarado de nuvem rosa.

E quando abro os olhos e me deparo com sua pele alva,
teus olhos caramelados, esse abraço de afago,
e um sorriso inseguro e sincero,
desisto da gramática,
me desprendo da didática,
e me entrego como sou.

E toda mágoa do espelho é então fotografia,
e o que sou hoje, não seria se não fosse.