quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Intinerário

Respeite os meus pés inchados,
 os calos da mão tem mais idade que sua carteira assinada
Ande, e me dê lugar para sentar
ao menos espaço pra passar,

Não me apertes, já me basta o salário...
O mínimo não é suficiente nem pro mínimo
Deixe desse orgulho e olhe para o lado, camarada
Ande, vá, e me dê um lugar, por muito tempo eu não vou ficar
juro
nem aqui, nem em qualquer outro lugar
Deus gosta tanto de mim, que há de me levar mais cedo,
Gosta tanto de mim,
que até sorte tive de nascer!

Deus gosta tanto de mim,
 me deu esses sulcos de terra,
essas marcas de pedra nas pontas dos dedos,
esses ossos de engrenagem velha,
e um coração muito grande para onde habita.

Respeite minh'alma inchada, camarada, e me dê uns segundos para descansar.

domingo, 7 de outubro de 2012

Colheita

Sinto falta da ansiosidade oceânica
Hoje, a calmaria me atormenta.
Nesses tempos arenosos
tudo é sólido e passa a frente de meus olhos.
Escolhi não ver,
não sentir,
nao ouvir
A dor pinga em gota d'água no alumínio,
enferrujando a voz e a força do pensamento.
Não me incomodam os hábitos,
me cansam a um estado de letargia,
deixe estar, que assim está e continua.
 O retardo do tempo de amadurecer,
a fruta apodrece com a casca verde,
e o olfato denúncia o que a visão ignora.
- eu sinto sem saber.

E deixe que estar, que assim está
tudo é sólido, desgasta,
nada flui.