domingo, 25 de outubro de 2009

Só rindo.

Ô menina, por que faz isso comigo? Me deixa na dúvida e preocupada contigo. Tua urgência me desespera, que sei que não sou capaz de supri-la, e eu jurei que iria tomar conta de ti... Não fui capaz. Não sou capaz nem comigo sozinha, imagine para com os outros? Meu coração palpita e clama por atenção que não recebo, e não faz diferença agora que tudo já passou.

Eu fui uma criança a noite, nenhuma luz no céu, nenhuma estrela e mesmo assim, fiquei hipnotizada ao olhar as nuvens no céu roxo. Eu quis sentir a brisa, e pra minha decepção estava calor, muito calor, eu não queria sentir calor. Deitada ali na cama elástica, eu continuaria ali, se não fosse o calor, e minha garganta coçava e pedia por uma bebida. E diferente de outros dias, eu recusei o álcool.

Minha esperança se apagava como a vela no salão, pequena e resistente, mas de pouca claridade, quase sem intensidade, ela corria de mim, se escondia de mim, e eu tentei tantas vezes, eu tentei... Eu desisti e me rendi as tentações dos líquidos que queimam a garganta, mas me enchem de coragem. Eu resolvi querer voar, e sem sucesso, pulei o mais alto que pude, o mais alto que consegui, mas o céu me recusava e me rendi ao chão. Fiquei ali novamente deitada. Eu não pensava em nada, eu não consigo voar, nem falar, nem...

Interpretei os fatos e circunstâncias, nada ao meu favor, eu não fui participativa e passei despercebida, de volta aos líquidos que me queimam a garganta, chegou uma hora que eu não aguentava mais, larguei o copo em qualquer canto e respirei a vontade, minhas palavras foram necessidade e ir embora foi uma fatalidade. O tempo corria, as pessoas giravam, todos falavam, eu não prestei atenção em mim, eu fui embora mais uma vez sendo ninguém.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Maracujá.

Eu não sei porque (talvez eu saiba e não admita), estou sentido falta de coisas que nunca tive, portanto saudades não pode ser. É ausência mesmo, a falta, a vontade do novo, do diferente que todo mundo faz igual, e eu nunca quis viver essa experiência. Eu cansei de viver esse romance com o espelho e de narrar minhas histórias para mim mesma. E minha caixa de papéis em branco está cheia de memórias que eu não tenho, são lembranças irreais, porém doloridas. E dói muito saber disso. Que meus dias estão passando em branco.

As oportunidades que perdi. Quando te verei de novo? Sábado? Domingo? Quem dera eu, todo dia ser uma aventura, uma declaração, uma descoberta! Mas que fosse recíproco e vivaz. Que fosse meu e seu, sem esconder, ou disfarçar de ninguém, que fosse meu e seu, toda semana, todo dia, todo instante que eu quisesse sentir sua respiração. Porque meus olhos nunca te mentiram, mas omitiram quando tive medo, e criança eu sinto medo todo momento que você está muito perto de mim, me dá arrepios.

E eu que tanto planejei, e meus planos de nada serviram, continuo insistindo e para que desistir logo agora? Eu que nada sei e quero tanto aprender, que a vida não me espera, mas eu espero tanto um milagre, porém sei que ele nunca vai chegar. É preciso agir com minhas mão, isso eu sei. E a coragem para isso, onde está? A coragem é que me falta, que vontade eu tenho de sobra...e sobra até demais. Mais do que eu queria ou que deveria. Eu nunca me senti tão pequena...

Diante dos seus sonhos e desejos, da sua existência imponente e única, criança? Pequena sou sim, admito, e admiro sua força, e teu brilho que nunca se apaga, seu sorriso sempre será único. O sorriso que tanto invejo, e que tanto me faz tremer. O que me faz ficar sempre assim sem reação, perto de você? Sem palavras, sem reação... E eu só tinha uma pergunta para fazer, era só um desejo, que talvez, você pudesse fazer parte.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Ninguém e eu, a mesma coisa

Querido, não seremos jovens para sempre, e as coisas mudam, as coisas evoluem, a gente morre e não vemos nada disso. O importante nada importa se o agora não é vivido com intensidade, se não soubermos separar a vida, a realidade, o desejo e o sonho. Uma hora a gente percebe que o coração é somente um punho ensanguentado, que a flor não passa do orgão sexual do vegetal, que o fruto é um ovário, e que o sabor doce aos lábios, é só um aperitivo. Que você é racional. E acima de tudo um animal.

Não sou mais criança, e eu acordei agora, somente agora percebi que nem tudo é lindo, que as pessoas tem maldades nos olhos, que a esperança se equilibra dos dedos de quem merece, e o mundo sobrecarrega os ombros de quem não merece. A vida é injusta, primeiramente porque ela é findavel e ela acaba com qualquer um que der a chance. E eu luto contra ela e à favor dela.

O céu tem nuvens e as nuvens são de água, não faz sentido para mim e por que deveria fazer? Se eu não quero ser assim, do óbvio para o óbvio. Eu quero o absurdo, e nem ele me satisfazer. Minhas verdades serão minhas e somente eu poderei julgá-las, que no momento eu não quero ninguém, eu não preciso de ninguém.

Estive parada, mas já fui à todos os lugares. Estive longe, mas sempre no mesmo lugar, sempre perto. Eu prefiro o silêncio à que palavras falsas, eu prefiro o nada à que lágrimas, eu prefiro o meu café com leite com minhas manias à que sua vida desregrada e vazia. Eu prefiro ser eu à que ser ninguém.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Em Casa

Querido, eu sempre estive aqui e nunca fui a lugar algum. Você que sempre está longe, e onde vou te encontrar se não for no seu lar? Não me confunda tentando me culpar, eu não quero desfazer nada, disso eu tenho certeza. As notícias que tenho de você, vieram a mim por outras pessoas, que segurança eu tenho? Criei a minha segurança sozinha, o meu forte sozinha: eu mesma.

Você quis se encontrar em outros olhos, outro sorriso e se perdeu. Eu fui contra isso, sempre fui e nunca te avisei, pois era o que você queria, deixei estar. Não me diga que eu não estava ali por você, eu estava só te observando, vendo você aprender com seus passos, eu nunca te neguei meu ombro para você chorar, e eu iria correndo a qualquer lugar (já que nunca está em casa) te salvar. Eu fui tantas vezes mais você do que eu, que eu me perdi, eu me perdi, pequeno...

Estou me achando agora e isso me faz tão bem, saber quem sou, e se não sei, eu posso descobrir. Não me peça para desistir disso porque você quer, porque você sente falta. Criança, estou me virando, e procurando minhas metas e objetivos e felizmente, estou conseguindo, mas isso não quer dizer que você não está incluso. Sou a favor de você tentar o mesmo, porque nada lhe fará tão bem quanto você mesmo. Eu sofri calada por um tempo, porque não quis me desvincular de você e não quis te preocupar, e graças à isso, eu pude agora me vivenciar, me compreender. Eu me quero tão bem, eu quero estar tão alto, eu quero ir longe.

domingo, 11 de outubro de 2009

As nuvens

Eu preciso do meu tempo, eu preciso do silêncio, eu preciso mais de mim. Eu preciso aproveitar o momento, eu preciso respirar, eu preciso rever meus conceitos. Eu não me arrependo, mas se tivesse a chance, não cometeria os mesmo erros. Agora é tão difícil voltar atrás, é tão difícil reconciliar... E vem você me dizer que está tudo bem? Só se for para você.

Estive tanto tempo à só que é uma surpresa você ter percebido só agora, que o que eu mais quero é vivenciar a companhia comigo mesma. Estou bem, e por ser assim, eu quero continuar assim. De qualquer forma eu me irrito com minha facilidade de desistência de qualquer coisa que eu almejo, eu sempre penso que será melhor assim, parar de agir, sonhar mais... ah meus sonhos, são só sonhos criança...

E criança, você faz parte do meu sonho. E por fazer parte do meu sonho, te torno inatíngivel, o que me faz desistir de tentar te alcançar em toda sua plenitude. Sorria, e continue assim, que enquanto teu coração bate, eu danço ao seu ritmo. E quanto a todos os outros que são tão meus enquanto durmo e tão distantes à luz do sol, eu continuo a fantasiá-los puros.

Eu queria ser capaz de dizer todas as coisas que penso, na verdade, queria que você tivesse o poder de ler meu pensamento, porque afinal eu não sou tão difícil assim de se prever, faça um esforço, criança. Enquanto isso eu me contenho em meus sonhos, textos, frases e pensamentos... Tantas nuvens, que somente às nuvens, elevo meu pensamento.

domingo, 4 de outubro de 2009

Lugar algum.

Eu sabia que a menina cor de fogo era frágil, mas não sabia que ela recoreria à mim. E sim, eu me identifiquei com tal fragilidade e me expus da mesma forma que ela desejava fazer. Foi como se estivéssemo ali, uma para a outra, a vida inteira, em poucos minutos. E ela foi a única pessoa que eu me aproximei a noite inteira. Diferentemente do que eu queria ter feito.

Tinha aquela outra pessoa ali, sentada no canto da parede, e eu de frente, sequer disse o que queria dizer. Tinha aquela pessoa que me dedicou uma música, e eu queria que fosse dedicado tanto mais... E quando aquela pessoa foi embora eu pensei comigo mesma "mas já?", e me segurei para não ir atrás antes que o carro desse a partida. Desviei minha atenção à quem de verdade deveria. Era o dia do menino que brilha. E ele brilha tanto, seu riso é tão gracioso, sua áurea é tão pura, eu o admiro em tantas maneiras.

E apesar de tudo, apesar de mim, eu não me sentia lá. Fui ao banheiro e demorei. Sentei no chão, que nojo de mim, e respirei, levantei e fui ao espelho, lavei minhas mãos e minha nuca. Eu não sentia vontade de voltar para lá. Voltei com a vontade de estar voltando para casa, eu queria na verdade...eu queria a verdade... A verdade por minha parte. cansei de mentir.

Quando a menina cor de fogo me pediu para irmos lá fora, foi um alívio. O ar gelado e leve, e não aquela massa de ar pesada e quente, aquela nuvem em cima de mim. Eu olhei pelo vidro e foi uma cena de natal, todos reunidos e felizes. Quis que ninguém me visse os observando. Sorri pela felicidade deles, enquanto eu ouvia a garota cor de fogo.

Ultimamente eu ando me controlando, pois impulsiva que sou, sei que sou capaz de fazer coisas das quais me arrependeria, e evito o álcool, assim sendo. Mas quando preciso da minha impulsividade, ela se esconde atrás do meu receio e predomina a timidez. Fica difícil assim, até dizer o que quero, o que penso, o que me incomoda. E dessa vez eu não tive tanta dificuldade, pois era recíproco nossos medos. Oh garota, conte comigo, que estou aqui e não vou a lugar algum.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Entre eu e eu mesma.

Não sei porquê(talvez eu saiba e não admita) eu sempre me apaixono pelos olhos, não importa se são eles verdes, azuis, claros, escuros, castanhos....Eu me distraio acompanhando as nuances emocionais por esses espelhos pessoais. E um olhar ontem, só aquele olhar, salvou meu dia. Por que aquele olhar não foi de dó, não foi de dúvida ou de pena. Foi de alegria singela, tranquilidade, aqueles olhos indescritiveis, a pupila tão objetiva e foi um conjunto : o sol, o sorriso e os olhos. Salvaram meu dia, e eu disse à mim mesma : "eu passaria a vida inteira com esses olhos." Desejei olhá-los por um maior instante, um instante da vida inteira.

Eu me preocupo tanto com as palavras, tenho tanto cuidado, e isso me impede de dizer tanta coisa. Ah se seus olhos soubessem tudo o que penso em dizer quando os vejo. Eu diria tudo hoje, ou amanhã, mas para que a pressa? Esse verde é tão único, deixe estar...
O céu se abria conforme o meu dia se retia em água salgada e soluço. Minha garganta ainda dói. Eu aliviei o que eu tinha que aliviar, minha mente parecia uma pessoa a parte, pois ela fugia do assunto e narrava a situação como se não fosse comigo que aquilo estivesse acontecendo. Eu quis rir essa hora, e nessa hora, seria desespero.

Ouvi repetidas vezes frases que eu já pude decorar, e de decoradas eu não mais me importo com elas. Quis pular direto para semana que vem, por favor! É. A vida não permite. Ainda bem que aqueles olhos apareceram. E também a pessoa que não é mais a mesma, mas só por fora. Ela continua única e excepcional, me orgulho em dizer e afirmar que ela é umas das primeiras para mim.

Eu fiquei com medo não minto. Seria hipocrisia minha dizer que todo meu medo foi devido a consequência e somente, ah não meu medo vem de cedo, desde manhãzinha, desde o café com muito açúcar - do jeito que eu não gosto. Eu fiz tudo pelos motivos errados, eu queria somente estar e conversar, suprir minha carência, minha necessidade de gostar, de querer, e eu não supri nada disso. Ainda há uma lacuna. Eu me decepcionei de manhã, comigo mesma, e eu querendo descontar nos outros, oras Nara Lucia, que falta de caráter!

E quando eu saí, eu fui sem olhar para trás, eu tinha problemas maiores que uma ressaca- que afinal não era minha. Eu sei das minhas ações, e as reações, eu que devo lidar com elas. Eu sei. E quando eu saí, eu queria definitivamente sair. Eu queria simplesmente ir embora, eu fiz tudo da maneira errada. Poderia ter estado ali, e ter feito parte do momento. Os olhos castanhos estavam esperando só pela minha resposta e eu não respondi. Fiquei repassando o dia e imaginando como seria o final, no caminho de casa.

Fiquei plantada, senti o sol me queimar a face, vi carros, pessoas, rostos conhecidos também. E só aqueles olhos que me fizeram parar de mim, me fizeram prestar atenção e sorrir por dentro. Meus pensamentos eram tantos, tantos tantos... enfim "Oi." E eu queria ter prolongado...