quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Previsão do tempo

Às vezes sinto sede do silêncio que mora em teu peito,
deitar e respirar teu ar,
às vezes sinto falta do que tenho todo dia,
e quero mais
não só de dia.

Às vezes calo um beijo com palavras,
os pensamentos que não digo,
meus olhos traduzem
um sorriso meio sem jeito,
avermelhado
ao te ouvir pedir,
ao te ouvir falar:
-Vem.

Os teus olhos certeiros,
teu sorriso sem medo,
teu jeito inseguro,
nossa solidão a dois,
construo imagens tuas
como se fosse minha
inteira,
e desenho.

E desenho em tuas curvas os arrepios que quero conquistar,
desenho nos lábios, os suspiros a arrancar,
empresto dos olhos as cores, que mudam
absorvem,
aderem a mim, sentido, vontade,
tranquilidade de pipa no céu noturno.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Eu vou morrer, é verdade.

Tudo o que vejo em mim é uma versão atrasada daquilo que nunca quis ser,
Um protótipo urbano de um ser em construção.
O típico indeciso
-Não sei o que quero.

Me doem os neurônios, a incapacidade de mudança,
a prisão da falsa liberdade,
a busca da felicidade,
- que não me percence.
 os sonhos comprados na internet,
e não de padaria,
a ilusão messiânica de salvar o mundo todo num só ato.

Eu vou morrer, é verdade.
E por que prender um pássaro que sabe seu prazo de validade?
Nada importa,
nada vale,
nada conta,
se sou só um
protótipo,
descartável,
inválido,
resíduo de fábrica.