quarta-feira, 25 de março de 2009

conversa com o espelho.

Um dia chuvoso limita minhas opções de atividade, então eu fico lendo e relendo aquela carta ( se é que posso chamar de carta, já que nunca será entregue ao destinatário).

Eu nunca acho que está boa o suficiente.Eu sempre acho que poderia ter escrido mais. Ou melhor. Ou nãoter escrito nada. Me vejo então, empenhando a caneta à frente do papel. Um papel novo, limpo e bonito. O maior cuidado para não amassar, quero ele intacto, é de grande importância. Como se fosse minha própria carta de aforria. Mas estes tempos já passaram, a situação é outra, mas as condições são bem parecidas.

Encho meu pulmão de ar, com todas as silabas que ali pairavam, na esperança que formem palavras, frases, versos que façam algum sentido para você. Até então, não tive problemas.

O problema está na ordem, nas vírgulas, nos parágrafos. Nenhum curso de redação poderá curar isso. A pressa é tanta das palavras me fugirem e te encontrar, que uma atropela a outra, e a carta se torna redundante, confusa, e sem sentido.

O papel novo, limpo e bonito agora não passa de uma mancha azul no infinito do meu quarto -quatro paredes, um abajur, e tanto faz o resto- uma mancha azul.

É assim que posso resumir tudo oque pretendia, tudo o que sentia- Uma mancha azul no infinito que nos separa.