terça-feira, 6 de janeiro de 2009

E a vontade de cantar.

Era tudo o que eu queria. Que aquelas pouco mais de duas horas não terminassem jamais, e que eu ficasse ali eternamente com um sorriso entreaberto só observando e conectando tudo aquilo com o que eu já conhecia. O desconhecido é fascinante, a comparação inevitável, então surgiam nomes, lembranças, e lugares em minha mente. Era tudo o que eu queria, ficar ali, mesmo com dor, mas aliviada, ouvindo atentamente todas as palavras que iam diretamente aos meus ouvidos e eram absorvidas pacificamente pela minha mente. Qualquer coisa que eu ouvir, eu aceitarei. É pecado assumir isso?

Era tudo mentira. Aquela árvore nunca existiu, nem aquelas nuvens, muito menos o céu. Nunca foram reais. Por isso eram tão perfeitos, e eu queria essa perfeição para mim, para guardar, comigo, e poder observas assim, quando eu quissesse, na hora que eu quissesse, e juro, não compartilharia com ninguém, nem que me pedissem, nem que me implorassem, eu não deixaria. Aquelas duas horas e um pouco mais, nunca existiram, mas Deus, como eu desejo voltar ao tempo e fazer aquelas duas horas serem as outras 22 horas que completam cada dia da minha existência aqui na Terra. Ainda estamos no começo dos 365 dias, e eu já desejo que o resto desses 359 dias sejam todos iguais, completos por aquela adorável fantasia.

As palavras que eu disse nunca foram minhas, tudo plágio, eu copiei e não tenho vergonha de assumir que eu gosto de usar quotes de desconhecidos. Essas frases decoradas de cartões comemorativos são contagiantes, mas as frases que mais me fascinam são aquelas que eu não consigo retrucar, e por Deus, você tem esse dom. De me tirar do sério, de não querer estar ao seu lado, mas mesmo assim guardar você embaixo de uma abobada estrelada em cima da minha estante. Já começo 2009 assim.

Sentei naquele lugar e fiquei observando atentamente cada movimento, reconhecendo cada palavra, cada gesto, soavam tão familiar, eu podia ligar tudo o que estava acontece aos personagens da minha vida real, mas os meus personagens, não poderiam ser comparados àqueles daquela vida real. Ou não. Os olhos, os lábios, os cabelos, eram tão convidativos. Por isso eu fiquei ali, eu não quis sair dali, daquela duas horas, e mesmo que eu não estivesse com relógio, eu sabia que aquele tempo iria acabar, eu faria dali, a minha casa se fosse possivel, transferir tudo aquilo para mim.

Naquela segunda-feira, eu pensei o dia inteiro nele, não que eu não faça isso sempre, mas é que em especial, eu sonhei com ele, e desde a hora que acordei, até a que fui dormir, senti ele presente na minha mente, eu conseguia montá-lo fielmente, o cabelo, os olhos, as orelhas, o sorriso, seus ombros, porém em vão. Eu sou incapaz de distinguir sonhos, desejos, músicas, filmes, fotos e realidade. Para mim, tudo isso faz parte da minha vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário