segunda-feira, 4 de março de 2013

Menos poeta

18 de fevereiro
Eu posso ser tudo,
 menos poeta.
Eu canto o instante que me encanta,
mas meu canto,
não encanta alheios instantes.
Eu posso ser livre nos passos,
mas as palavras são poucas e limitantes,
Eu posso ser tudo,
 menos poeta.

Eu vejo o voo dos pássaros,
o pulo do gato,
Ouço o choro de quem mama,
os suspiros de quem ama,
e tudo é bom a certa distância.
E tudo é belo na fotografia e no cinema,
Eu posso ser tudo,
 menos poeta.

Eu vejo a fuga e a tristeza,
Eu vejo a dor e não beleza,
Eu pinto o feio, o grito e a distorção.
Escrevo o manifesto infesto de assombração
Exponto o cheiro da flor morta e do chorumo do lixão.
Eu posso ser tudo,
 menos poeta.

Nem tudo é vivo na vida,
nem tudo tem beleza para ser belo.
Eu posso ser tudo...

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