Seu cantar desafinado me encanta,
abra os olhos, menina, tem medo de lágrimas?
se quer se blindar contra as emoções,
tranque-se,
esconda-se,
feche as janelas, não deixe o sol, nem a chuva entrar.
se quer se blindar,
eu não tenho nada a oferecer,
eu tenho o contrário.
Escancaro meu ser,
nua e crua como sou,
e meu tórax aberto pode ser teu abrigo,
na companhia do meu coração,
terá que conviver com toda sinceridade que ele possa oferecer.
Abra os olhos, menina,
e veja que o caminho que eu sigo é torto
é pedregoso,
acidentado.
O que me tranquiliza é saber
que nada vai dar certo,
pois assim, quando dá,
é a alegria que bate a porta,
como ganhar uma promoção,
e a felicidade em súbito te atinge.
Esses momentos são melhores do que toda a certeza do mundo.
Abra os olhos, menina,
e se permita conhecer o mundo,
se permita conhecer-se.
domingo, 10 de junho de 2012
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Brado ao Ódio
Um brinde!
Brinde ao corpo sem alma,
Ao coração sem par,
Ao futuro sem casa,
Ao frio na pele,
e não nos ossos.
À tua indecisão,
ao descaso,
à comodidade,
ao teu sim que é não.
Um brado!
Aos fracos apaixonados
e apaixonantes,
iludidos,
aos que costuram rugas e sorrisos,
com as veias frágeis do coração,
aos que emendam numa só expressão,
a preocupação e felicidade
e reclamam,
-reclamam os ingênuos!-
quando os lábios caem, estourando os fios secos
sentindo o rompimento escorrer,
reclamam!
tecem as lágrimas!
ingênuos.
Um brinde.
Aos que amam.
Sem o medo da correspondência.
Brinde ao corpo sem alma,
Ao coração sem par,
Ao futuro sem casa,
Ao frio na pele,
e não nos ossos.
À tua indecisão,
ao descaso,
à comodidade,
ao teu sim que é não.
Um brado!
Aos fracos apaixonados
e apaixonantes,
iludidos,
aos que costuram rugas e sorrisos,
com as veias frágeis do coração,
aos que emendam numa só expressão,
a preocupação e felicidade
e reclamam,
-reclamam os ingênuos!-
quando os lábios caem, estourando os fios secos
sentindo o rompimento escorrer,
reclamam!
tecem as lágrimas!
ingênuos.
Um brinde.
Aos que amam.
Sem o medo da correspondência.
domingo, 20 de maio de 2012
Céu montanhoso
O novelo cai, desenrolando toda memória
Como pode, um fiozinho de saudade criar tanta comoção?
Esses momentos de solidão trancafiam os desejos
escapando o medo de viver.
(errar)
E quanto mais foge o novelo,
maior fica,
os rastros de fio interminável,
os nós do algodão neurológico,
as sinapses inacabadas.
Onde foi que deixei faltar?
A ressaca é moral dessa vez.
Observo calmamente minh'alma mal polida.
Meus olhos são falsos.
Eu não sou quem digo ser,
eu não sou quem quero ser.
Eu já quis ser melhor,
só pelo prazer de poder provar
que posso ser melhor
(eu sou melhor que você)
fracassei.
Eu sou muito menos do que o sonho exige de mim.
Como pode, um fiozinho de saudade criar tanta comoção?
Esses momentos de solidão trancafiam os desejos
escapando o medo de viver.
(errar)
E quanto mais foge o novelo,
maior fica,
os rastros de fio interminável,
os nós do algodão neurológico,
as sinapses inacabadas.
Onde foi que deixei faltar?
A ressaca é moral dessa vez.
Observo calmamente minh'alma mal polida.
Meus olhos são falsos.
Eu não sou quem digo ser,
eu não sou quem quero ser.
Eu já quis ser melhor,
só pelo prazer de poder provar
que posso ser melhor
(eu sou melhor que você)
fracassei.
Eu sou muito menos do que o sonho exige de mim.
sábado, 12 de maio de 2012
Do lado de dentro
O ano inteiro em um casúlo e eu não pretendo sair tão cedo. É que não estou pronta para o mundo, como um mundo inteiro. Diferente do meu mundo, dentro do casúlo, desta casca endurecida que mal eu caibo mais. Mas e daí que está apertado demais, doendo até os meus ossos ? É só… curvar-me um pouco mais, ajeitar-me um pouco mais, expremer, sem nunca exprimir, o peito um pouco mais… A dor aqui não é tanta quando o medo de lá.Fisiologia
Despi meu corpo, e em carne e osso me expusAssim como sou, crua e nua.
A carne ainda quente, pulsante e dolorida.
Dói, dói, dói, enquanto pulsa pulsa pulsa.
O pulso ainda pulsa, mas só pulsa, e eu o sinto no chão que eu piso.
Gelado o piso.
bege cru assim como a morte que se mostra no açouque
a morte limpa, bonita, mal-cheirosa, como ela é e com o gosto que tem
e eu estava lá, crua e nua por fora
de dentro para fora, a morte
forte,
que esfaqueia meu ser,
meus olhos,
meu eu.
Pedras Sabão.
Não perdoa mais a dor que aperta o peito e vem da alma,com a calma de quem não quer ver acabar
o presente que foi o passado
De mim para si
De nós para o fim
Difícil que é esquecer
antes fosse cometer
O vermelho que mancha esse romance
Em preto e branco retratado em três por quatro
Com formato de carteira e cheiro de saudade
E escorrem os olhos, as promessas
pelas beiradas do orgulho
que recolhe os cacos de vidro
e confeites
do carnaval fora de hora
Enqanto bêbados equilibristas
seguem no meio-fio,
escorrendo a maquiagem de ressaca,
na alegria de um velório, como num bloco.
Enfim fecham-se as portas do cortiço,
no começo da manhã de domingo.
Meia vida
É stress.A resposta para todo e qualquer mal que me assombra.
Dor no pescoço, é stress.
Meu coração palpitando, é stress.
A vista embaçada, é stress.
O mal do século, a melhor desculpa inventada.
…e daí que descem os remédios,
os analgésicos,
os anestésicos,
licítos
ilícitos…
é o stress.
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