E nós que esperamos tanto tempo, que anseiamos tanto por uma caixa, uma árvore, e nós que no fim de ano sabemos de cor a teoria que deveria ter sido aplicada durante o ano. E prometemos veemente a nós mesmos, ocos, que o ano seguinte será diferente. Lógico que será. Diferentemente igual, da mesma forma como foram todos os outros anos passados.
Em um ano eu fui mutante. Fui tudo o que quis ser, e também o que não queria ser. E eu ainda quero mais. Eu não encerro aqui mais um capítulo, é só um ano que está acabando, mas minha vida continua sempre com mudanças, porque eu não quero estagnar. Eu olho pra trás e não me arrependo de nada. Pois foi minha experiência, parte da minha história, e agora ficou no passado.
Eu perdi oportunidades, mas ganhei novas chances, eu vi gente desistindo de mim, e vi alguns apostando em mim, eu me joguei no precipicio, cai, me esborrachei, quebrei a cara. Estou viva, e a dor que sinto é prova disso, meus hematomas e cicatrizes são lembranças de como eu me levantei. Também fui capaz de machucar quem menos merecia, eu não me arrependo, mas vendo agora, eu poderia ter agido de maneira melhor. Eu não quero que o tempo desfaça nada do que aprendi, nada do que eu fiz. Eu quero deixar gravado aqui o que for do meu passado.
Me conheci mais do que queria, e vi que ainda fraquejo perto de algumas pessoas, e tenho receio de falar o que quero, o que penso e o que sinto. Vi que minha coragem é pequena, e evitei muitas situações. Pequei diversar vezes, e se ainda frequentasse a igreja, teria que me confessar todo domingo. Percebi que me aproximo das pessoas erradas, e tenho certa atração a situações perigosas. Eu gosto do errado.
Vi que não me encaixo, mas não sou diferente das pessoas que convivo. Eu respiro, eu como, eu durmo, eu vivo. Percebi que existem mais pessoas que posso confiar do que eu esperava. Entrei em conflitos comigo mesma, briguei com meu melhor amigo, e me identifiquei com o espelho. Minha mãe diria que tudo o que eu passei são coisas de adolescente, mas ela não sabe metade das coisas pelas quais eu passei. E não vai ficar sabendo, não tão cedo. Porque o tempo acalma, o tempo cura. E é melhor que ela saiba mais de mim, quando tudo de mim, já for passado.
Não que eu queira ser apenas passado. Mas este passado faz parte de mim, e eu não posso ignorá-lo.
E que venham novos presentes e futuros, que daqui pra frente, eu continuarei sendo eu.
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