Ele usa o trânsito como desculpa pelo seu atraso,
Ele usa o trabalho como desculpa para sua dor de cabeça,
Ele diz que vai ali e já volta. Mas nunca diz onde é o "ali"
Disse que precisava resolver uns problemas e que não demoraria, disse também que foi encontrar seus amigos, e quando volta, toma um banho e vai dormir.
Mas seus olhos não enganam, seus olhos vermelhos e turvos, e ele está quase caindo. Liga o rádio alto e evita conversar.
Ele está mentindo. Todos sabem disso, ele ignora. Finge que não é com ele, que está tudo bem, que não é nada. Ele só está cansado. E gritam, ele finge que não ouve, e pedem, ele promete superficialmente que isso não vai mais acontecer, e a partir de amanhã será tudo diferente. E esse "amanhã" da promessa nunca chega. Seu hábito de anos, de fim de semana, virou rotineiro, virou um vício.
Mas ele não quer admitir que prefere o bar à casa, que prefere a cachaça a que os filhos, que prefere beber até cair, que prefere esquecer os remédios e lembrar o endereço do bar, que ele diz que é de vez em quando, mas esse de vez em quando é todo dia. Que todo dia ele mente, e todo dia está cansando, e todo dia ele está desistindo.
Eu não insisto, eu não peço, eu não aconselho. Eu só relato os fatos, e o fato dessa vez é que eu desisti de você.
Good.
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