Tarde de domingo, eu vivo uma vida suave, tranquila, a paz de Copacabana que toda Bossa Nova quer ter. Menos eu. Não escolhi essa vida, entrei no caminho por acidente e lentamente ando por ele.... e visito cada mar, cada paisagem, sentindo-me uma panela de pressão.
Faz calor demasiado, por dentro a sensação é de explosão iminente. Preferiria que explodisse. Que trouxesse algum movimento a vida, nem que fosse das chamas.
É chato. É tristeza não transparente, parece tudo calmaria. Perdi amores eternos, amizades sinceras, sorrisos espontâneos, dores surpresas. A corda bamba agora é asfalto, o vento é brisa, o som é assovio.
Me incomoda tudo, tudo que não é intenso. Tem uma agulha que me fura pequeninamente o pulmão, que me rasgue de uma vez! Que me sangre, misture o ar e sangue, e pulse, ferva, exploda, e eu grite de dores! De Amores, temores!
Que tudo aconteça como um turbilhão, que venha e me atropele tudo com intensa violência, e eu perca o ar, a noção, os sentidos por frações de segundos, e minha pele se arrepie do mindinho do pé até o mais recente fio de cabelo, que da minha boca não haja tempo de sair sequer uma palavra, e quando eu piscar, e abrir novamente os olhos, o mundo seja novo, seja outro, seja intenso, eterno, desconhecido....
Mas não... o barquinho vai.... a tardinha cai...
Cair num mundo por acidente, ir andando sem saber direito por onde vai e ser surpreendida pelo tédio. entendo você.
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