segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Infante

Me desprendendo dessas cordas, o espetáculo deixou de ser meu
Sou coadjuvante da minha própria história,
Se sou assim, quem sou então?!

Sou boneco, mas não fantoche,
os dedos que me guiam não são invisíveis
A minha própria mão, argamassa meu destino
meu próprio indicador, aponta a direção
e se sujam com as consequências,
todo argiloso e quebradiço,
como barro deve ser.

Sou boneco velho, remendado,
sujo de lembranças,
cicatrizado de passado,
maltratado pelo presente
e desconhecido do futuro.

Sou criança em uma embalagem que não me cabe,
me aperta a posição,
me sufoca o plástico,
me cega o papelão.

Sou um coração pequeninamente imenso,
raivosamente carinhoso,
triste esperançoso,
equilibradamente embriagado de vida.

Sou um reflexo em construção,
o espelho não para de crescer.

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