sábado, 12 de maio de 2012


De cá pra cá

Por mais que eu tenha vivido, os dias são todos iguais. Em 17 primaveras, nunca a vi. E nessa época agora, que vejo nas vitrines, cabides, as máscaras enfeitadas, desejando que todas outras e quaisquer máscaras fossem tão fáceis de se adquirir e de se retirar, passei 17 carnavais com a fantasia nua de ser.
Meus dias começam pela metade, e terminam no início do próximo, na espera de… de que eu não sei, é só a espera ao meu lado no sofá, a tv ligada pra nada, só pra distrair, as luzes e o som do comercial do supermercado, anunciando que nesta quarta, o peixe é mais barato. Eu penso no mar.
É tudo tão bonito fora de casa, mas eu me contento nessa viagem de alma, meu corpo parado, enquanto meus olhos acompanham e desenham os lugares, na verdade o lugar, eu vejo as ladeiras, os tijolos de barro, a tintura descascada e as moças apoiadas no peitoral da janela enquanto conversam, os ladrilhos escorregadios fáceis de se tropeçar, as portas de madeira, e os senhores numa mesa de bar.
As coisas que só os olhos de dentro enxergam, eu fecho os meus e durmo, é menos um dia de 17.

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