terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Elo com o passado

Tenho pena de você, e sinto uma vontade quase incontrolável de parar o tempo e recuperar aquela criança cheia de sonhos e do sorriso mais lindo do mundo. Criança, teus olhos brilhavam, e como brilhavam! E teu riso invadia a sala e ecoava dentro de mim. Quando falava de teus sonhos de mudar o mundo e mais do que isso, você mesmo, me dava orgulho, e força de vontade para realizar os meus também. Onde estão todos eles agora? Onde estão todos aqueles que você enchia a boca para dizer seus nomes?

Eu queria te falar de tantas coisas, mas é tempo que te falta. E você só me liga quando não tem mais ninguém para conversar. E tem coisas que eu não quero saber de você, e são sempre essas coisas que você vem me contar. Eu quero saber como você está, eu quero saber do seu profundo.... era jornalismo que você queria fazer na faculdade, não era? Onde está este seu sonho agora? Onde estão teus amigos de colegial? Disso você não vem me falar.

Você me diz que anda trabalhando muito, que anda estudando, que toma café no ônibus e vai a pé para o colégio, que não quer mais fumar, mas quer sair para beber algum dia. Me pergunta se tenho dia livre para me encaixar na TUA agenda. Se for assim, eu não quero ter tempo para você. Me diz quão maravilhosos são os TEUS novos amigos, mas nunca pretende me apresentá-los, é como se eu fosse teu elo com o passado, o que te prende àquela inocência escolar, as brincadeiras e as poucas responsabilidades. Eu cresci também, se você quer saber.

Eu fiz novos amigos, eu tenho outros horizontes, conheci diferentes pessoas, e experimentei novos gostos, novos lábios e olhares diferentes ou semelhantes aos teus. Mesmo assim eu não me esqueci de você, queria que você estivesse me acompanhando em cada momento, imagino o que você me diria se me visse em cada situação pelas quais já passei... É engraçado como nossas conversar agora começam somente por um único tópico, e termina, quando não tem mais nada para rever sobre este tópico, não é mais a mesma coisa. Você não pergunta mais de mim, de como estou, se estou namorando ou gostando de alguém, como estou no colégio, e como anda as coisas aqui em casa "soube que você brigou com seus pais, está tudo bem?" , e mesmo que eu não respondesse, é bom saber que você se importa.

Não é que eu dependa de você. Não, sou feliz comigo e meu reflexo no espelho, meus monólogos noturnos e meus sonhos fantasiosos. Eu só queria ter a segurança em ti. E saber se voê tem essa mesma segurança. Eu não vou implorar, eu não vou fazer birra nem chilique, para você me dar atenção, dizer que você não gosta mais de mim, porque isso eu não tenho como saber. É que seria tão bom, tão melhor, se nossas conversar passassem muito além do "olá, tudo bem?"

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Estar assim

Eu não sei você, mas é aos detalhes que me apego:
O jeito que você digita no computador, o tanto de sachês de açúcar que você gasta em uma chícara de café,
O andar desengonçado quando você fica sem graça, sua boca entreaberta quando está concentrado,
As frases que você repete sempre, o jeito que seu rosto fica quando está nervoso,
As coisas que te deixam nervoso... quando eu te deixo nervoso.
Quando eu não tenho o que dizer, e digo algo aleatório e você ri da minha cara.

É. eu me acostumei com seus vícios.
O modo que você parece original, copiando os outros.
O cheiro insuportável de cigarro nas suas roupas, a confiança nos teus abraços,
Como você é fraco e se rende ao álcool, e como você gosta de se fingir de bêbado
As desculpas que você usa, por ter feito besteira a noite passada
Os amigos pelos quais você já me trocou
O que você pensa e não consegue dizer, e me tira do sério, porque eu não consigo entender

É que eu me identifico, eu me acostumo, eu me conforto.
Com sua respiração, com a sua voz, o seu sorriso e seus olhos.
É bom estar assim.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Cinema

Se não existe, por que insistir?
Será fraqueza minha admitir
Que a saudades ecoa em mim
Pela necessidade de tornar algo real, que no papel soa tão bonito, e eu estou tornando banal.

Você se importa?

Se eu me afastar um pouco, porque está calor
Se eu disser frases de filmes, para ter a sensação de protagonista e não telespectador
Se eu te abraçar e não passar disso,
Se eu te negar um beijo,
Quando eu seguro sua mão,
Se eu roubar suas palavras, tirar seus momentos, suas músicas, o seu quarto, sua privacidade.
Só porque eu quis ver qual a reação.

É errado?
Te usar por satisfação pessoal
Fazer experimentos emocionais
Mas que culpa eu tenho?
Se eu sou assim
Eu preciso ser assim
Minha curiosidade não se afoba, eu quero saber como é
Essa palavra, essa sensação,

O sexo, o romance, a necessidade de outro,
O suicídio, a vontade, saudades, carência
A lembrança, a intensidade, o calor e o frio
Da ausência e a presença, a sombra, a distração
O medo de perder, a timidez, os olhos fechados,
A respiração, a adrenalina, o descontrole do coração.
Os detalhes que parecem ser de filmes...

Minha vida não é um filme,
e que não seja por isso, eu mesma invento.

domingo, 22 de novembro de 2009

Encantada

Acabou-se o encanto, e príncipe, você não é o herói dessa história, não dessa vez. Não tem mais a mágica, o mistério de como seria... agora é somente aquela sensação de vida comum, realização comum, e cadê a graça?

Eu não me esqueci de quem sou, eu não me soltei no precipício na esperança de voar. Fiquei aqui na terra segura com a certeza de sobreviver, que pena, eu não senti o frio na espinha, calafrios percorrendo todo meu corpo. Eu estava consciente de tudo e exatamente por isso, eu desejaria que nunca tivesse acontecido.

Quero ir a um bar, beber e esquecer da culpa, da dor, e das minhas pernas bambas sem motivo. Meu corpo grudento, seu cheiro em mim, meu cabelo bagunçado e jogado no meu rosto, no seu rosto, meu pescoço está com um machucado. Ah, eu preciso de um banho, eu preciso de outra noite. Se importa, se eu for dormir mais cedo dessa vez? Eu quero ir para casa o quanto antes.

Vou ver um filme, ler um livro, me mergulhar em uma ficção e esquecer de tudo, por um instante. O melhor a fazer agora é deixar o silêncio dominar, que o conflito em mim grita, clama, implora por atenção, por uma chance de causar discórdia, e eu não preciso disso agora. É como se eu não precisasse de mim...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Texto em vermelho

O passado é passado, e todas essas filosofias baratas de biscoito da sorte não me satisfazem. Nem ao menos o biscoito me satisfaz. Por que é tão difícil encarar a rotina? A rotina que me prende e me força à aceitar verdades de prateleira. Aquelas livros na minha estante formariam uma bela fogueira. Está tudo errado, tudo errado.

E eu já me cansei de falar de sonhos, eu já cansei de monólogos, e por que é tão difícil mudar? Simplesmente pelo fato de que eu não quero mudar. É mais fácil me acomodar saudavelmente a situação que me é imposta, mas é lógico, com suas exceções. Não quero ser somente e simplesmente normal, assim basicamente normal...

Eu sou instável, e aprecio excentricidades. Tudo e todos são lindos em sua forma, de certa forma e por que não apreciá-los? Eu só quero ser feliz nas minhas oportunidades, com quer que seja. Meninos e meninas são todos iguais, e por que não amá-los? O coração pulsa do mesmo jeito, e as borboletas voam e se encontram.

É tudo natural e eu não posso me impor a isso tudo que acontece eventualmente, mas é lógico que existem suas exceções...

domingo, 8 de novembro de 2009

Exagero e Drama.

Prometi não mais mentir, e minha mãe diz que sou uma pessoa difícil de se confiar. Quem sou eu para discordar?
Mas mentir faz parte de mim, por isso escrevo. Escrevo mentiras que até eu mesma acredito, são fantasias, romances, são histórias, brigas e fatos. São no geral exageros.
Exagero de dramas, amores, de raiva, de não ter no quê acreditar, são exageros de verdade que ninguém está disposto a escutar. E justamente por isso são exageros.
Eu fecho os olhos e mergulho nas palavras, e deixo elas me alcançarem. Eu já tentei de outra maneira, já tentei outras formas e formatos, mas nada mais me agrada e me poupei do trabalho de arriscar.
Mas o que eu poderia arriscar, se não tenho nada a perder? Oras não arrisco, porque nunca fui uma pessoa corajosa.

Não é à toa, afinal, que me escondo atrás de mentiras...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Surpresa

Acho que você nunca vai perceber - sequer saber - que você me surpreende.

Eu não sei o seu sorriso, e os minutos que te conquistam. As músicas que você ouve e aquelas que você esconde. As ruas que você anda, ou as horas que você nem sabe onde está. Os dias que você tem vontade de sumir, ou os dias que você diz 'oi' para todo mundo, porque te deu vontade. Aquilo que você fez errado, aquilo que não foi sua culpa, o brilho dos seus olhos, uma mentira, ou uma desculpa.

É sempre uma surpresa suas palavras, e a energia que elas transmitem. Eu não sei como reagir, é sempre uma surpresa.


Seus momentos são sempre únicos, me dá vergonha de pedir para compartilhá-los comigo. Eu somente posso demonstrar minha admiração, assim, de longe mesmo. Eu no meu canto, e você no mundo todo.

Eu te dedicaria minhas saudades, é egoísmo pedir para você voltar um pouquinho? Um pouquinho suficiente para uma música, um sorriso, um abraço, um beijo.

Que para mim, serão sempre infinitos.

Porque de ti, eu nunca me esqueci :)