Só sei que não preciso escrever muito para definir o que eu sinto. E mesmo com poucas palavras, não saio tão direta assim. Vi um papel no meu bolso hoje falando sobre aves, e bom, eu queimei esse papel, porque eu realmente quero deixar em cinzas tudo aquilo que senti quando escrevi aquilo sobre aves. E eu não quero ser aquela ave. Tem tanta coisa que eu não quero ser, mas eu não quero lembrar nem ao menos pensar sobre isso. Mas o que eu puder, eu vou queimar mesmo, mesmo que eu me queime, quero deixar tudo em cinzas, tudo apagado, quero deixar o vento levar essas impurezas para fora do meu refúgio.
E falando em impureza, é final de ano, e eu quero tanto ver o mar, mesmo que ele estará repleto de gente e suas marmitas, e crianças com suas sujeiras, e turistas, o mar é belo e puro. Depois essas pessoas todas irão embora e eu sei que o mar continuará lá, indo e voltando. O que me acalma é saber que ele sempre volta. Apesar de nunca saber para onde ele pode me levar. Ele é tão imprevisível. Mas ele sempre volta. Ao contrário de outros.
O que eu descobri também, nesses dias, é que não dá para confiar nas pessoas. Eu não descobri isso, eu sempre tive isso em mente, mas eu estava mudando e sempre considerei essa mudança positiva, mas ações de pessoas próximas - em espírito - me fizeram repensar. As vezes você tem algo combinado, estabelecido, e você cumpre com sua parte, e se esforçando para não fazer nenhuma cobrança apesar de ser cobrado, e no final não foi nada como você imaginou. Nunca acreditei em conto de fadas e seres imaginários, sempre acreditei no que era real, acho que tenho que reconsiderar isso.
Quando eu comecei a escrever esse texto eu estava afim de fazer uma retrospectiva sobre o meu ano de 2008, mas acabei por escrever outro texto sobre meus dias recentes. Para uma retrospectiva, eu teria de buscar coisas que eu nem me recordo mais, e isso seria muito cansativo e longo. Mas guardo o que foi bom para sempre comigo, e o que foi ruim, eu quero queimar como eu queimei aquele papel. Porque queimando, eu sei que as cinzas não podem voltar a serem concretas, são cinzas, e por serem cinzas tem o dever de desaparecer.
Ano após ano coisas novas e deveras inesperadas acontecem mas certas coisas nunca mudam, e chega uma hora que se torna exaustivo sempre a mesma lama, aquele bolo de sujeira, problemas e ratos mortos com moscas e baratas embrulhados em uma caixa torácica pequena com você. Essas coisas não mudam, e o cheiro se torna insuportável para quem está de fora, alguns se acostumam, mas chega uma hora que não dá. E essa hora tá chegando. Vamos quantos otarios aguentaram por mais tempo...Não falo de mim, nem de vocês claro, a não ser que você tenha se identificado com isso, mas convenhamos, algo te incomoda, mas você não reclama, você suporta, mas a paciência se esgota. Convenhamos que dá sim a vontade explodir e tentar mudar. Eu digo meu bem, desista, após certa idade, não se muda mais, você demorou demais para tomar um passo, sua paciência é longa viu?
A minha paciência? Ah bem, isso é bem relativo, acho que o meu convívio com pessoas desagradáveis me ajudou a fingir prestar atenção no que elas dizem e a não ligar para o que elas reclamam, e eu ratifico : isso é bom treinar, isso alivia e evita tanta discussão, mas na outra mão, pode gerar discussões. A minha paciência para escrever esse texto que está terminando - desconfio que seja o sono batendo - e mais uma vez percebo que eu desvio assunto facilmente, Começo dizendo algo, sobre o que mesmo? Ah, sobre como não preciso de muito pra escrever o que sinto e que queimei meu texto sobre aves, e terminei agora falando sobre....bem, esse parágrafo foi sobre minha paciência.
Juro que se eu houvesse escrito à mão esse texto, provavelmente o queimaria, estou bem incendiaria - fica o aviso - e eu não tenho mais idéias para botar aqui nesse blog. Me destraí e desfoquei do que eu queria dizer no começo...
Eu disse que não precisava de muito para dizer o que eu sinto. e acabei fazendo um texto ENORME gzuis
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